domingo, 23 de dezembro de 2012

2012, O ano da meia prancha!


Em 2012 viveu-se.
E não se viveu pouco, nem muito, foi o que tinha de ser.
E agora, sentada no meu aconchegante sofá, digo para mim mesma que o presente texto apenas pode referir a maior lição do ano, é uma regra que me impus a mim mesma (porque também o limite é fator de crescimento), e por isso, ao contrário do que em segundos pensava, não foi difícil, foi até bastante fácil até.
Eis o que me surgiu imediatamente : " Copos de vidros neutros existentes desde que me lembro que sou ser humano, com direitos e deveres civis, mas copos meio cheios ou copos meio vazios, disso eu desconhecia."
Sim, meio copo de água pode ou não pode ser meio cheio e meio vazio? Pode. E esta pequena lição nós vamos aprendendo de forma plena e automática, sem linhas de regras condensadas.
E é verdade, que em Março, numa semana exausta de conhecimento positivo e aprofundado ao nível da saúde mental e psiquiatria, descobri esta tamanha e subtil questão.
 E é verdade também que até Novembro estava convencida e coberta de insolência que já tinha integrado todo esse conhecimento até descobrir que era uma pequena flor cheia de sede num dos desertos mais secos do planeta. Porque, afinal, do copo meio de água eu não percebia era nada.
E assim se passou meio ano. E o outro meio, perguntam?
O outro meio foram passados a pensar incansavelmente no menino que numa ilha me disse que preferia ter metade de uma prancha, do que não ter nenhuma. E sim, era muito feliz. E sim, passava fome. E sim, não conhecia outro lugar senão aquele onde nascera, que por si só não tinha uma grande dimensão. E sim, uma criança, num outro lado do mundo deu-me um dos maiores ensinamentos do ano de 2012: o copo está sempre meio cheio assim como metade de uma prancha é mil vezes melhor do que não puder (semi) surfar.
E sim, cheguei à conclusão que quanto mais predispomos a nossa mente a outras culturas melhor valorizamos a nossa, que por mais degradada que se encontre há sempre a possibilidade de escolhermos o meio cheio do copo, que é como quem diz, o meio melhor do nosso país.
O meio melhor da nossa vida, e por milagre ainda ingerimos algum sol, porque a parte vazia, essa nós a temo-la certa.

Excelentes entradas, e esquecendo propositadamente tudo o resto, cheias de tranquilidade e novas visões.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Psicomotricidade



Psicomotricidade, é isso mesmo. Psicomotricidade.
A profissão que escolhi e a qual abraço todos os dias. E não, não vou defini-la em palavras e frases bonitas porque a melhor definição para esta maravilhosa profissão encontra-se no ato de a vivenciar, sentido-la.
É na prática que ela melhor se espelha e é na conjugação (im)perfeita de expressões simbólicas que se encontram no nosso mundo imaginário, que agimos e nos relacionamos conosco e com todos os outros.
Por isso, e apenas para dizer que "Roma e Pavia não se fez num dia", acredito que faz parte de cada um de nós a sua crescente valorização profissional, não só pelos nossos bons desempenhos mas também enquanto seres que podem e devem defender algo em que acreditam ser mais uma das peças fundamentais numa equipa.
Diria até: cada qual no seu lugar, mas todos juntos no mesmo.



domingo, 16 de dezembro de 2012

Dizem por aí...



Deixemos as frases bonitas de lado. O Natal acontece uma vez por ano, em Dezembro mais concretamente.
Aquela história de "O Natal é quando o Homem quiser" (...) "O Natal é todo o ano ", para mim não faz qualquer sentido. E explico porquê.
O Homem precisa urgentemente de cuidar e ser cuidado, todos os dias. Depois vem o Natal, e aí sim, fortalecem-se os laços que o mesmo construiu durante.
Mas tudo bem, se chamarem de Natal ao amor e à transmissão de bons e profundos sentimentos para si e para os outros, então poderei ainda repensar e, talvez dizer que possa ser todos os dias.
Agora, se chamarem de Natal a prendas duplicadas então não, é só mesmo uma vez por ano, não querendo com isto afirmar que presentes não sejam importantes, mas apenas isso mesmo.
Alguns presentes, muito amor e de preferência todos os dias.

Por falar em presentes, eu já comprei todos Foram 3. Ao resto dou a minha atenção e isso já é muita coisa. : )

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Vive para ti e só depois constrói.









Vive para ti e só depois constrói. Foi nisto, e noutros momentos mais, que este filme me fez pensar, mais uma vez. Fez-me reflectir sobretudo, no que o próprio título nos indica: palavras, como estas que tento escrever. E porquê palavras e não linhas, círculos, papeis ou outras formas quaisquer? Porque são elas que, positivamente ou negativamente constroem a história de cada um. E não, não são pagas com dinheiro e nem sei se com algum amor também. São pagas com verdade. E é uma linha tão ténue estas verdades de que vos falo, que serviria de certo como um exemplo para as mais reais e absolutas relações humanas, neste planeta que se encontra em constante declinios desenvolvimentais. O filme, que na forma mais sintética possivel de descrevê-lo, retrata a vida de um homem que, por instantes e através de palavras, rouba a vida ao outro. E rouba-lhe a própria vida, diria eu de forma critica, porque a mesma já tinha sido roubada à muito. A verdade é que, ninguém tratará tão bem de nós próprios quanto nós mesmos. Ninguém resolverá tão bem e assertivamente os raios sombrios e gélidos da nossa vida quanto nós mesmos. E somos nós mesmos que, temos por obrigação e dever, (sobre)viver da forma mais limpida e autêntica tanto quanto queremos. Passados foram sempre passados, assim como os presentes e os futuros. Apesar de que, futuros nunca os serão verdadeiramente se nele estiver muito vinculado um passado que poderiamos ter mudado. E sim, falar é fácil porque são precisas muitas palavras. Então, que não falemos!! Se a palavra muda tanta coisa e nos faz moça no nosso corpo tão cansado, que falemos sem palavras! Falemos uns para os outros como o que de melhor nos foi dado: o corpo. E já diziam os entendidos que o melhor meio de comunicação seria a expressão corporal, e que assim seja. Sorrir não é dificil e para quem não sabe, existe sempre em outras pessoas um espelho que nos possa fazer saber as mais diversas formas de um pequenos rasgo na boca. Abraçar? Existem abraços que se dão de muito longe e é bem possivel senti-los. Acima de tudo, utilizem palavras quando assim for necessário, mas vossas e do interior mais honesto que possam encontrar. Não é certo viver-se por/para/sob alguém. Não é justo! Cada homem deve por si só encontrar o seu caminho e as suas palavras. Só depois disso, saberá viver. E diz-se por aí, em estreitas e antigas ruas, que nunca chegaremos a roubar a vida de ninguém se antes encontrarmos a luz no mais infinito e escondido caminho. Como dizia e muito bem, a personagem principal do filme:
" Quando escolhemos as opções, escolhemos também viver com elas" in The Words

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Longo é. Curto será.

Caminhos longos tornan-se curtos quando o Homem assim o deseja. Assim como é certo e expectante não existirem facilidades, também o são os ditos "nãos". E já agora os "sims" por falar em positivismo. Dizia um sargento, no meio de uma grande e sangrenta guerra para um colega: - "Porque não tentas, já que assim o desejas, ser Capitão?" - "Porque não devo conseguir, é sempre muito dificil"! - respondeu friamente - "Desculpa lá, mas tu já perguntaste?" - "Não" - respondeu timidamente o sargento - "Então como pode o meu caro amigo dizer que não conseguirá?" - ....

domingo, 9 de dezembro de 2012

Natal dos "sacos-solidários", será?

Lembrei-me agora mesmo que é Natal! Sim, não me quisesse eu lembrar, mesmo que da etapa não gostasse ou até mesmo se não me fosse dado espaço para sequer pensar no que significa tal acontecimento, eu tinha, obrigatoriamente de gostar. A verdade é de que gosto, e muito. E não, não vou falar do espirito extra consumista dos Portuguesas (tema tão abordado nos últimos anos), porque não quero, porque não é disso que se trata esta reflexão e porque, afinal, também eu sou consumista (in)consciente. Falo de outras palavras que, de modo muito directo e respeitoso, me dirigo ao campo solidário "meio-obrigatório" que se encontram fora/dentro de portas de hipermercados. Passo a exemplificar uma situação: - Entro eu no hipermercado, e antes que consiga dizer "não" é me quase imposto um saco solidário. Não sou contra, e torno a dizer, tenho o maior respeito por quem dá parte do seu tempo para ajudar os que mais precisam (até porque eu já estive nesse papel), mas como bom cidadão tenho direitos e deveres. Vejamos, tenho o direito de questionar para onde e para quem são estes alimentos, como acabei por fazer, assim como tenho o dever, mais uma vez, enquanto bom ser humano, de contribuir para causa. A verdade é que, após uma conversa de pequenos minutos com as pessoas que dão a cara por essa causa, eu firmemente e educamente recusei levar comigo o saco. Tenho as minhas razões e tenho os meus principios. Quando de facto, quero ajudar alguém, bato à porta da pessoa, entro e deixo o que me é possivel dar, mas neste caso eu sei a quem dou e conheço bem a finalidade que lhe dão. Não querendo ferir susceptibilidades, porque sei que as vou ferir, é rara as vezes que levo sacos solidários pela porta adentro, porque não tendo a certeza o futuro do conteúdo dos mesmos não quero sequer pensar que eu dou o meu esforço, como tantos milhares de portugueses, para que futuramente algum português mais ignorante ou acomodista, os possa deitar em estado puro, novo e bem conservado, alimentos que teriam sido ingeridos por outrém mais inteligente e educado. O grave de toda a tamanha situação foi mesmo a resposta que me foi dada, após o meu "não". Não vou dizer mesmo, porque dela fiz questão de me esquecer. Da próxima vez, se me disserem que, dentro dos sacos podemos trazer justiça, eu levo por volta de uns 20! Natal é...pois Natal deveria sim, ser época de ideias justas. Mais justiça, traria menos solidariedade, e menos solidariedade traduzia-se em nada menos do que, "não é necessário ajudar tanta familia" ou então "as familias já se encontram com maior estabilidade socio-económica". Mas, lá está, isto sou eu que tenho a mania de ser utópica, e que continuo a acreditar que as coisas se podem mudar, algum dia. Um feliz Natal para todos, com alegria, amor, chocolates e sedento de sonhos, pois que seria de nós se eles não existissem? Depois? Caminhem! Caminhem muito que o sol há-de chegar logo, e esperemos que nãos eja apenas no Natal.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A menina que queria ser um avião.

Quando Maria era criança, (...) Não, não é assim! Vou recomeçar: quando a Maria se encontrava na idade de desenvolvimento infantil (porque criança ela, felizmente, continua a sê-lo e bem), sonhava de forma muito consciente e rigorosa ser feliz. Sim, esse simples facto tão complexo e excitante: a felicidade. De sorrisos mudos e palavras ocas, cresceu brincando ao "faz-de-conta". Um dia, enveragava o papel de médica, outro o papel de cabeleireira (um dos mais frequentes até), e noutros dizia bem alto : "Saiam da frente que eu sou um avião e voarei agora"! O que ela não sabia porém, era que um avião nunca poderia sê-lo, por mais que o desenvolvimento cientifico e tecnológico estivesse em altas rodagens. Mais tarde, e mais uma vez, a crescer brincando, Maria tinha deixado o "faz-de-conta" pelo interesse absoluta na tradução do que, futuramente iria ser. Entre mil achados gloriosos, espalhafatosos, enfedonhos, e alguns muito mal cheirosos, a menina (ainda criança), decidiu para espanto da familia, ser trapezista! Sim, trapezista era realmente o seu sonho. E por ser de tal forma, tão dificil contrariar a ideia de uma menina-criança, cujas ideias se encontravam vinculadas seguramente ao seu "eu" desde que a mãe, feliz, a deu à luz, ela seguiu esse caminho. Foi trapezista 10 anos num circo em Biesdorf, perto de Berlim. Voltou para casa para espanto da familia, que imediatamente a questionaram. - "Maria, porque voltaste?" - perguntou o pai - "Quer me parecer a mim que já não estava feliz!" - retorquiu o irmão - "Ah já sei! Não vives sem nós!" (risos) - disse em tom de brincadeira a prima - "Estou bem e muito feliz" - disse a Maria - "Então não estou a perceber nada!" - disse o irmão confuso - "Vim porque, além de muito feliz, já sei voar como um avião (risos). Vejamos: baloiçava equilibradamente (âs vezes) na corda do trapézio. Tão depressa estava de pés assentes no chão, como a 10 metros dele. Num minuto estava segura, noutro não tinha segurança alguma. Num segundo estava muito feliz e, no outro poderia já nem sequer saber do significado da felicidade. Neste momento, sei que feliz é aquele que encontra a felicidade no lado esquerdo da meia linha e que cruza os seus passos em pequenos nadas. Não preciso de tudo mas também recuso-me a não ter nada. Entre o chão e a corda do trapézio existe um caminho longo, que eu fiz por aprendizagem. Agora, eu não quero o chão nem muito menos o trapézio. Eu quero o meio, porque no meio a realidade é me facultada mas o sonho também. E se eu cair, a queda não será tão grande, nem o sonho estará tão longe. Até uma coisa e outra, felizmente vou voando! E se eu sei que consigo voar, então serei um avião. E que ninguém, em parte alguma me diga que não posso sê-lo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Destas gentes que me orgulho, destas terras que contemplo.

"Vou-me embora, vou partir, mas tenho esperança, Vou correr o mundo inteiro, quero ir! Quero ver e conhecer, rosa branca, A vida do marinheiro, sem dormir! A vida do marinheiro, branca flor, Que anda lutando no mar com talento! Adeus, adeus, minha mãe, adeus, meu amor! Eu hei-de ir, hei-de voltar com o tempo!" É ao som desta tão perfeita moda alentejana, que escrevo em linhas cultivadas o orgulho imenso que sinto em ser Alentejana. E poderiam ser muitas as palavras que exprimissem este lugar, mas nunca chegariam para enaltecer o valor de uma terra cheia de gentes que, batalhou duramente no campo, ao frio, à chuva e ao muito calor que se fazia sentir naqueles campos magnificos que nós vemos nas melhores (e puxando agora a bela da vaidade), senão na melhor fotografia do nosso país. É um facto que se encontra bem explicíto para quem o quiser confirmar e re-confirmar. Ele é terras cultivadas com tratores barulhentos de tanto trabalho e empenho, ele é milho, ele é girassois, ele é vinhas, oliveiras, festas de verão, gastronomia, artesanato, ele é cultura. E já que falamos em paixões, ele é coberto de gentes serenas e antagónicamente, (in)tranquilas que se juntam com a maior felicidade do mundo para ir ver com olhos cheios de brilho, os homens a pegar aquele animal preto que tanta dá que falar. E, desculpem-me a tamanha sinceridade, as gentes serenas que vão ver tranquilamente uma tourada! E depois da tourada, vem o convivio, a alegria e o prazer de habitar naquele que deveria ser considerado o lugar mais prazeroso e ambicioso de se viver. E nada mais acrescento, senão aquilo que para ele todos nós podemos fazer de melhor: orgulho e contemplação, porque mesmo estando porta adentro com este recanto, e mesmo surgindo outros locais e outras gentes, a nossa há-de ser sempre a nossa. Assim como, o nosso Alentejo, há-de ser sempre o nosso Alentejo. Aqui, ou no outro lado do planeta. Afinal, "vou-me embora, vou partir mas tenho esperança, que de lá nunca eu hei-de descolar os pés", mesmo que muito longe eles se encontrem.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"Eu não sei que tenho em Évora, que de Évora me estou lembrando..."

E é ao som de palavras musicais "Meu Alentejo" que a saudade se alimenta. E alimenta-se de tal forma que nem dá pela sede nefasta do coração e de todas as excelentes memórias vividas e revividas durante os 4 anos que permaneci fiel a Évora e a toda a grandeza da Universidade mais bela do país! Não é que não me lembre, mais vezes do que talvez me poderia lembrar, deste nosso pedaço de vida, mas esta semana é especial, por todos os motivos, existentes e não existentes à face de todos os planetas (porque só um é insuficiente). E digo "nosso pedaço de vida" porque a vida universitária assim o foi: a cidade, os Eborenses, os Alentejanos, os não Alentejanos, a tão perspicaz e coberta de sabedoria Sociologia (não fosse ela a principal causadora de um amor), os colegas de curso, os colegas de todos os outros cursos, os amigos das noitadas, os amigos do dia e da noite, a rica e apaixonante Psicomotricidade e .....e?? Talvez se pensar escrever um livro eu poderia contar humildemente este momento tão verdadeiro, tão genial e principalmente tão bem usufruido desta minha vida que uma página só não chegaria a reconhecer aquilo que foi a mais pura felicidade. Sim, porque todas as sensações corporais que neste momento se apoderam de mim não são mais do que a felicidade a gritar bem alto. Ai o quanto eu fui feliz...! E o quanto me é dificil escrever sobre algo que nem o coração autoriza de tanta felicidade que sinto ao pensar que aquela cidade fez e continua a fazer sorrir muitos rostos! E digo a cidade porque, inconscientemente é ela a mais bonita mulher de todo o espirito cantando alegremente peor todas as serenatas académicas (que tantas e tantas vezes assitimos juntos, a chorar pelas futuras e dolorosas despedidas). E foi a pensar nessas mesmas despedidas que vivemos tudo! Tudo, de forma insaciavel, sedentos de vida e cobertos de capas pretas (que tantas histórias tinham para contar ao mundo caso pudessem falar). Eram dias e dias, noites e noites, a estudar e a dançar! A encontrar soluções para um ensino superior de maior qualidade e acessivel para todos, e a encontrar soluções de quais os melhores restaurantes para os grandes e irremediáveis jantares de turma, porventura sempre no dia do Quim Barreiros, pois sabiamos sempre que esse dia terminava no amanhacer na Praça do Giraldo, ou noutro sitio qualquer! Eu chorei, eu ri, eu gritei, eu dançei, eu cantei e eu abracei de alma e coração este caminho que teve, pelo menos, um ou dois sóis (senão mais). Que todos os bichos (feios e nojentos como sempre), e que todos os Srs. Estudantes, Dignissimos, etc e tal vivam tanto ou mais do que nós vivemos! Viva a Universidade de Évora! Viva Évora! E vivam todas as capas pretas, rasgadas e não rasgadas, e quando as traçarem (bem feitinho, já sabem), aproveitem e trilhem também este caminho que é o caminho mais belo de todo o mundo! ...e no meio do Alentejo a felicidade encontra-se aqui, pois afinal "eu não sei que tenho em Évora, que de Évora me estou lembrando" :')

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Males dos Homens!

Vergonhoso, sim é uma verdadeira vergonha quando o homem esquece a morada da sua casa. E é perante esta situação, familiar confesso, que tento encontrar soluções e respostas de algo que nem uma resposta tem (ou merece ter). E afirmo convictamente tanto quanto afirmo que Portugal precise urgentemente de outro rumo. Afirmo! Afirmo que é inconcebivel e antivida um homem ter apagado da sua memória e do seu coração a casa onde foi criado. Mais terrivel ainda, e já que são as pessoas que fazem os lugares, as pessoas que nela lá vivem. A verdade é que, possivelmente serei alvo de criticas (muitas delas pouco ou nada fundamentadas) porque "só quem sabe do convento é quem lá está dentro" e disto que ninguém tenha quaisquer dúvidas! E ainda assim me questionam: "Arriscas ter toda essa posisvel situação constrangedora?" Aceito, porque é uma vergonha, mesmo que não seja para o convento. Para terminar, e porque não me quero alongar sobre esta tamanha e triste situação, o último recurso será Deus para curar o mal dos Homens que não conhecem a rua da sua casa e os pilares que nela permanecem. E mão me venham com histórias que eu sou ou penso ter o valor da palavra, porque não a tendo muitas vezes, tenho-la neste desagradável caminho. Fazendo-me repeitir:"So quem sabe do convento é quem lá está dentro!" Haja "cura" sentimento-coronária para ti, que sempre te amamos apesar de todas as palavras menos verdadeiras.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Era uma vez...Portugalito perdido no Monte!

Hoje o caminho é escuro, muito escuro! Portugal está a transformar-se em Portugalito! Sim! Portugalito para não nomeá-lo com outros terriveis nomes. Mas como sou contra aquele ditado (e ainda mais quando ele se aplica): "Paga o justo pelo Pecador" não quero de nenhum modo denegrir a imagem e o bom nome, pelo menos não mais do que ele já se encontra deste Portugalito que já nem nosso é! Só me questiono sobre o fato de Portugal ter lutado ensanguentado todos os dias nas Grandes Guerras p'lo mundo fora e agora nem de uma dura batalha conseguir levantar-se! Aliás, Portugalito até será capaz de erguer-se e autoafirmar-se perante a aldeia enferrujada (mas de bolsos bem cheios) lá para os lados das Alemãezitas quando o Grande Povo Português decidir não mais seguir regras, não mais seguir normas, não mais ter respeito e bom-senso (porque se esgotou) de tanto ter sido usado, utilizado e abusado! Ainda assim, Portugalito vai caminhando convencido que é o melhor e o mais cumpridor de todas as aldeias e vizinhanças, enquanto não aparecer plos céus soluções e pessoas capazes de estar à frente de uma outra aldeia (aliás, Monte) chamado Governo. Enquanto nesse Monte, o Senhor Feitor continuar a tratar o Gado com água, a dar leite aos cavalos, a dar pedras às galinhas e, aos porcos dar-lhes banho, há-de existir um dia que na porta da sua casa estarão todos os Portugueses a pedir-lhe o pão que lhes tirou, e já agora o gel de banho (do mais caro, por certo) que gastou inutilmente a lavar uma coisa que, por sua natureza se mantém suja (nunca chegando porventura à sujidade negra e irremediável de um cérebro e de um coração ingrato...Curioso? Não, curioso é sim os milhões que se gastam no mundo na construção (muito gabada mas ridicula) de robôs, que nada mais fazem do que substituir os Homens dos seus trabalhos! Curioso é sim, (e muito bem) descobrirem-se mais e mais repostas ao nível de todas as funções cerebrais e, à posteriori, os senhores do Monte nem um conseguirem por em prática, ou estarei eu enganada? Estarão eles a trabalhar assim tanto e nós é que não conseguimos responder às expectativas? Calma, estou a brincar. Se ferir susceptibilidades temos pena! A palavra ainda é um direito nosso e o que fazemos com ela, dentro de todas as normas, também. Agora, meu Portugalito, não peças é para as medirmos, pois já basta a fita que temos de abrir todos os dias e que, já nem as lojas de chineses têm! Mais cérebro dos senhores feitores do Monte, mais coragem e ainda assim, menos acomodismo do nosso grande povo e é o que desejo, senão qualquer dia nem Portugalito nem Português!

domingo, 2 de setembro de 2012

Ser sem Ter

Por eles eu estou aqui, por eles eu consegui e por eles eu estou assim. Mas, também é por eles que estando assim, estou sem eles. Confuso? É para ser, porque de fato o é. Passo a explicar. Já delineei uma vez e sem quaisquer problemas faço mais uma. Eu sou este Ser porque alguém, muito teimoso e insistente acreditou que este Ser não poderia ser mais do que isto, uma menina à procura de um meio lugar ao sol (porque o sol demasiado também queima) de forma a colocar em bom tempo e em momentos arejados o seu tão minimo mas sólido saber. E sim, com um passo hoje e dois amanhã, a "coisa" tem ido ao lugar, e porque é devagar que se vai ao longe, os passos pequenos são os mais importantes, mas também os mais amargos e dificeis de controlar. Mas tudo bem, enquanto seres humanos temos mais é que saber gerir, orientar e comandar todas as nossas sensações e emoções, sem que se quebre a verdadeira e mais realista realidade: Eu sou, porque vocês grandes amigos sempre estiveram lado a lado com este ombro tão carente de risos, cantigas, gargalhadas altas e gigantes dores de cabeça pelas nossas tão duras manhãs. Eu sou, sim! Sou esta fera sedenta de trabalho de futuro e esfomeada de vocês, da vossa tão real e madura amizade. Porque eu sou o agora, porque vocês me permitiram ser. Porque eu sou o agora, porque vocês me incentivaram a ser. Porque eu sou o agora, porque em nenhum dia vocês não deixaram de existir. E por tanto ser, que agora não tenho. Por tanto ser, agora não vos tenho perto. Por tanto ser, agora falho como as notas de mil perante os que me deram milhões. Por isso, Sou sem Ter. Sou feliz sem vos ter, AGORA. Porque amanha eu já sou (ou não) e não quero mais saber de Ser, só Ter! Ter merecido a vossa amizade e ser merecedora do vosso tão rico coração! Tudo isto para vos fazer um pedido de desculpas pela minha tão (curta) ausência. Mais bem ou mais mal eu continuo aqui e igual. Só com a diferença de uns kms e de umas horas desencontradas. E isto dói? Dói pois, mas uma boa noite de cantigas é remédio santo! Afinal, até pode um Homem ser muito mas se não tiver amigos como eu tenho, não tem nada....! : )

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cada um pisa a calçada que quer.

Cada um pisa a calçada que quer e como quer. Eu decidi esperar que o homem trabalhador, de ruas amargas de sol quente construisse o caminho mesmo que muito lentamente, porque nada se faz tão bem feito quanto maior for o tempo para a realização. E esperei, e enquanto continuava à espera, ía colhendo couves dali, cenouras daqui e conversas com as vizinhas de acolá. E de tanto esperar, reparei que a colheita de coisas materialmente necessárias, assim como as coisas moralmente e pessoalmente não dispensáveis, tinha sido positiva, aliás muito positiva. Com toda essa recolha de "coisas" conseguir fazer: - Duas ou três panelas de sopa (que me sustentaram o estômago por 2 ou 3 dias); - Uma grande e preciosa salada embrulhada de tão deliciosos ingredientes; - Um batido de cenoura para nutrir todo o sangue que me corre feromente nas artérias, e ainda deu para guardar receitas de bolos (que ainda não feitos já sentia o seu cheiro). E feito o caminho, construída e fixada a calçada eu dei os primeiros passos e caí logo de seguida. E porque o batido de cenoura me tinha dado tamanha energia, levantei-me de novo e caí. Mais ou menos, esta situação aconteceu 4 vezes. À 5º (sabe-se lá porquê) já não caí, e como se de muita vontade se tratasse comecei a correr, assim tanto quanto pulava e cantava. Um dia, apercebi-me que era necessário conhecer outras receitas, e outros ingredientes e outros vizinhos e alterei o sentido, ou melhor dizendo, mudei para o lado direito da estrada. Apesar de tudo, pensei ter perdido as outras "coisas" que me fizeram crescer e andar. Mas não perdi, porque como em tudo na vida, nada mais sou do que a primeira sopa que fiz, com a pequena diferença de agora ser mais aperfeiçoada. Sei também que a origem é a base de todo o sustento humano, seja ela um caldo verde ou uma panóplia de acontecimentos felizes. E eu? Não, nunca irei pisar outras calçadas enquanto a minha ainda existir e enquanto ainda souber quem sou. M.C

sábado, 23 de junho de 2012

Olhar para a infância e ver quem sou.

São os lugares mais inesperados que trazem as maiores e mais escondidas lembranças. E dizem os senhores que sabem muito, é no convivio e nos momentos descontraídos que descobrimos os maiores pensamentos, as maiores certezas arriscando até a afirmar: a saudade de uma vida que foi nossa mas que nunca chegaremos a saber porque nos foi roubada. Pois bem, falo-vos da infância. Neste caso muito especifico, da minha infância. Não do que aprendi, não como cresci, nem sequer como desenhei as primeiras letras, ou até mesmo de como pronunciei as terceiras palavras, mas sim do que vivi. A escola, os TPC's, o lanche, a hora dos desenhos animados, as férias "grandes", o brincar à apanhada, o brincar às escondidas, o brincar ao "macaquinho do chinês", o cair de bicicleta, o fazer feridas no joelho e sobretudo, o adormecer diariamente sob o olhar das estrelas que tantas vezes eu tentava contar (mas sem sucesso). E no mesmo local inesperado, eu mergulhei ainda mais profundamente e, ao acaso das circunstâncias imaginei-me num jardim com pessoas. Nesse capitulo do livro eu estaria a rir, e a rir, e a rir. Nunca fiz senão rir e sorrir, porque o meu coração ainda estava em crescimento, em desenvolvimento de defesas e armas para esta tão dificil vida que nunca está para nós quando mais estamos para ela. Por isso, é já que assim ela quer, é hora de fazer a vontade: não me apetece mais pensar em ti, oh minha vida! Não hoje! Porque hoje eu vou pensar nos caminhos que trilhei, nas brincadeiras que tive com aqueles amigos de infância que ainda hoje se encontram no mesmo lugar, na forma como tudo mudou. Na dificuldade de compreensão sob o fato de ter estado lá, no meu grande e maravilhoso mundo e agora me encontrar aqui, neste lugar inesperado em que as pessoas se lembram de saudades de outros lugares, de saudades de onde nós somos. Aqui, neste lugar invulgar eu descobri que a cidade grande é pequena em afetos e emoções, os carros passam a uma velocidade relâmpago incapazes de parar a um grito de ajuda. Na aldeia, e como o burro não anda rápido eu posso falar baixinho que a carroça pára, a qualquer instante para matar a saudade de quem somos, do que somos e de onde somos, pois a maior riqueza é saber de que lenha somos feitos e de que campo fomos cultivados. Quando isso acontecer, tenho a sincera certeza que o caminho percorrido será mais leve mesmo que com penas pesadas e será mais iluminado, mesmo que com um sol menos brilhante. E mesmo assim, irão existir sempre lugares inesperados para nos lembrarmos das nossas lembranças, seja na Ponte Vasco da Gama como foi o caso de hoje, seja num outro lado do planeta, como poderá ser um dia. Até lá, o caminho faz-se caminhando e de preferância com um sol bem grande e com capacidade para nos abraçar. M.C

domingo, 17 de junho de 2012

Agora o céu terá mais uma estrela..!

Assim como há o inicio, também há o fim. Dois momentos, duas situações e dois inevitaveis contrastes como se todo ele fosse como o céu e a terra, ou melhor dizendo, como os olhos que vêm e o coração que não sente. Mas eu sinto (ou julgo sentir), e reflito como tenho a certeza que o faço. Mas, pensar, sentir e refeltir para quê? Porquê? Como? E no quê? Refletir que nos foi colocado no centro do nosso tão complexo corpo um coração para bombear o sangue oxigenado que nos corre nas veias, e criar de forma progressiva uma interligação psicofisiológica entre este tão importante orgão e o nosso tão confuso e aperfeiçoado cérebro, que é como quem diz: Não esquecer de dar a quem tão nos ama, assim como nao esquecer de amar a quem tão nos deu. E não, isto não é para depois. É para ser enquanto podemos dar, no agora que estamos cá. No presente, ou alguns minutos depois. No amanhã, se tiver de ser, mas logo de manhãzinha. À tarde, se de manhã tivermos obrigações e responsabilidades por cumprir, mas logo pelo inicio da tarde! À noite, caso o dia esteje repleto de situações burocráticas para a vida puder seguir, mas sim, tem de ser logo pela inicio de noite. E se não for possivel nesse dia, nem no outro, ou no outro, a vida dá-nos mais dias e mais horas e mais minutos para puder dar aquilo que qualquer coração precisa para viver, ou melhor para sobreviver: amor. A ti, meu querido avô Casimiro, eu sei que dei, não todos os dias como teria sido melhor dar, mas os dias que me foram possiveis do meu coração transmitir palavras, energias e sentimentos. Sim, porque todos os corações precisam de recuperar energias para dar, através do simples fato que é receber. E não temos muito tempo, porque quanto mais o coração se preocupa em bombear o sangue, menos tempo tem para perceber a qualidade de saude das suas veias. Quanto mais o coração vive para ele, menos vive para os outros. E quanto menos vive para os outros, mais parece estar sozinho. E no final de todo o pecurso, mais tarde ou mais cedo, agora ou daqui por 20 anos, um coração só, irá sempre precisar se quem o ajude a bombear o sangue, para puder viver e, preferencialemente feliz e tranquilo. É uma montanha russa, é verdade. Assim como é o coração também o é o mundo, mas não teria de ser se as pessoas perdem-se um bocadinho de tempo a "tentar" compreender que, quanto menos viverem para os outros, menos viverão para si. Este simples texto é dedicado ao meu avô Casimiro, que mesmo nos últimos instantes me disse sempre:" Trabalha neta que nada cai do céu! Deixa-te lá estar e não desistas que a vida está dificil". E eu aceitei, porque além de meu avô, foi um Homem bom que tudo fez para criar 10 filhos! Agora criados, e que já Deus o acolheu, é hora de deixar mágoas e histórias dentro da gaveta, e fazer jus á sua vida, vivendo o melhor senão mais feliz possivel, COM e PARA TODOS, para que não chegue o fim e o coração fique só. Ana Margarida Pinto Casimiro

domingo, 4 de março de 2012

Esperar, mesmo não tendo a certeza se virá.


Dar um pouco de sentido ao tempo, para que o tempo dê um pouco sentido também.

E é sobre mil temas, como o tempo, que me debruço sentada no meu baloiço, cuja vista sobressai involuntariamente enquanto tento progressivamente tomar uma decisão, nada fácil porventura. Mas, ao contrário do que habitualmente acontece, hoje não estou decidida. Estou amargurada, desiludida, fracassada, mas sobretudo magoada.
Ao venerar a linda e maravilhosa paisagem sobre uma vinha já seca do sol, um monte já gasto com o tempo! Ah esse terrivel tempo que tudo leva rapidamente, e que tudo vagarosamente traz, não deveria existir, e eu não estaria aqui neste preciso momento a tentar ter uma decisão.
Pois bem, aqui vai a minha tão gigante questão: Até onde vai o amor? Digo, aquele amor incondicional, de sangue, de esfera muito primitiva, arcaica talvez, cujo tempo infantil nele premanece. Até onde pode ir?
Não querendo ser pessimista (que não o sou verdadeiramente), não tomei decisão nenhuma, mas cheguei há conclusão mais assertiva que fiz em toda a minha curta vida: os limites foram sem duvida ultrapassados!!
Foram ultrapassados, e porque o amor não teve tempo de correr atrás, não houve quaisquer possibilidade de travar este ciclo vicioso de mentira, arrogância, vergonha, incapacidade e, com a minha tão eterna ingenuidade, talvez alguma tristeza. Sim, porque se eu não acreditar que há tristeza, então terei que recorrer há muitos e bons anos atrás, para vivenciar de novo tudo aquilo que passei e desacreditar que todos os gestos, atitudes e palavras foram um tamanho sonho coberto de ilusão.
Se, realmente não houver tristeza nem arrependimento, posso começar a achar que todoa a minha felicidade e todo o meu percuso infantil, nada mais passou do que uma mascara muito mascarada. Até então, eu quero acreditar que não, até esperar que o tempo traga, mesmo que vagarosamente, toda a sua humilde e veridica historia.

Até lá, e esperando que o tempo dê um pouco de sentido a esta corda tão dura, àspera e robusta, eu vou esperar sentada, onde sempre tenho esperado....não esquecendo que, mais que ver, é preciso olhar e estar atento, porque um dia, o tempo pode ter passado por nós sem nós olharmos para ele.
Se esse dia chegar, será tarde e nem que o amor corra como um furacão o conseguirá alcançar. Ainda assim, ingenuamente vou acreditar que este amor, vai readaptar-se e ganhar forças, não para correr, mas para voar, aconteca isto quando acontecer.

E como não sei quando e (se) vai acontecer, vou tentando ser feliz comigo própria, porque ai eu tenho a certeza que o vou ser, afinal
.....
"a minha vida foi o prazer de existir" - Doutor João dos Santos

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dedicada a ti, minha tão querida avó velhinha! Sim, porque mesmo quando não há sol, eu consigo caminhar!


"Carta para Josefa, minha avó" - José Saramago

Tens noventa anos. És velha, dolorida. Dizes-me que foste a mais bela rapariga do teu tempo – e eu acredito. Não sabes ler. Tens as mãos grossas e deformadas, os pés encortiçados. Carregaste à cabeça toneladas de restolho e lenha, albufeiras de água. Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão que amassaste se faria um banquete universal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros na tua própria cama quando o frio ameaçava gelá-los. Contaste-me histórias de aparições e lobisomens, velhas questões de família, um crime de morte. Trave da tua casa, lume da tua lareira – sete vezes engravidaste, sete vezes deste à luz.
Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de princesas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste a lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra Vietname é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-me tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém.
Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrijada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos carregos – e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Mas disto talvez entenda eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti – e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava.
Não teremos realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas – e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, porque te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!”.

É isto que eu não entendo – mas a culpa não é tua."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma verdadeira luta!


Hoje reflecti.
Como em todas as 2ºs feiras, cheguei a Lisboa super entusiasmada para mais um dia de aulas, reencontrar os colegas novos, ouvir novos professores e, com toda a certeza ouvir uma outra matéria.
Apesar de tudo isso, e como se o relógio tivesse decidido fazer uma pausa ou um intervalo, cheguei ao local cedo, aliás muito cedo.
Como sempre, sentei-me num espaço de entrada no piso superior, a observar por entre as grandes e iluminadas janelas, a vista sobre a cidade. A uma velocidade apressada, os carros passavam o sinal verde, bem como também apressadamente paravam logo de seguida no sinal vermelho, e assim sucessivamente. Depois, ainda olhei cada pessoa, os sorrisos, a tristeza, a felicidade, a frustração, entre outros tantos sentimentos e estados emocionais, que nem palavras conseguem caracterizar.
Depois disso, continuei a minha jornada de observação, que tão depressa como o movimento extensivo dos automoveis, se transformou em reflexão, surgindo questões como:
O que faria eu ali, naquele lugar, numa cidade em que nunca antes quereria ter estado?
Tantos sonhos, tanto luta, tantas noites de estudo, tanto amor pela profissão, para no final de contas, estar sem "tecto" para os colocar em prática?
Valeria a pena continuar a investir mais na minha carreira profissional? Até quando? Será, pensava eu, que algum dia, alguém irá dar valor ao amor que sinto pelo meu trabalho? Não sei, talvez sim, talvez não.
Hora de aula, eis que era altura de retirar todos estes assuntos viciosos da minha mente, pois felizmente, ainda os consigo controlar!
Sim, sem grande esforço controlei. A cada minuto que passava e escrevia tudo o que o Prof ensinava, eu ía sorrindo or dentro. Aos poucos, como se o meu corpo pudesse abraçar-se a ele próprio, ele parecia abraçar, como se o meu coração pudesse sorrir, ele parecia sorrir.
A aula terminou, e mais do que motivada e tranquila, eu saí feliz! Confirmei naquele exacto momento que o caminho escolhido tinha sido o correcto.
Agora, mais do que tudo é preciso crescer profisionalmente, para o dia em que for solicitada encontrar-me à altura do que me for oferecido. Sim, porque eu acredito que serei.
Amo o que estudo, e vou amar ainda mais o que, um dia (que espero não estar muito longe) irei fazer!

E por isso, meu querido pessimismo, vou continuar a lutar e a acreditar no sonho, e no dia em que voltares a teimar sobre mim, vou olhar para o sol e percorrer o seu caminho. Pode ser, quem sabe, que ele me dê alguma luz.