terça-feira, 28 de maio de 2013

Analfabetização psicomotora...será?


Pedir um café, sentar e ler um jornal.
Foi isto que me predispus a fazer antes de iniciar o trabalho delineado para hoje. Por norma, são raras as vezes que saio de casa directamente para o trabalho, pois prefiro alcançar um mediador para sair de um contexto e entrar noutro. Enquanto isso acontece, desfruto daquilo que a natureza me oferece, assim como locais que transpirem, nada mais nada menos que silêncio.
No entanto, e visto que o tempo meteorológico se encontra em minutos constantes de desequilíbrio acabei mesmo por pedir um café, sentar-me e ler um jornal.
Curioso, foi perceber que gradualmente as novas perspectivas técnicas e não técnicas que necessitam ser urgentemente (re)construídas, vão surgindo subtilmente, em capas de jornais.
Hoje, o Destak dizia, passo a citar "Crianças sem destreza - os mais pequenos estão a transformar em analfabetos motores (...). É preciso arranjar tempo para brincar."
Ainda que não seja uma informação positiva e idealista, sorri muito sorrateiramente.
E porquê? Porque tem sido uma das lutas da Psicomotricidade.
É urgente quebrar tabus e preconceitos. É necessário que se entenda que a brincadeira e todo o brincar tem objectivos significativos que, mesmo invisíveis eles estão lá.
É através da brincadeira " pai, mãe e filho" que a criança percepciona o mundo e o Eu que é, ou poderá ser.
É no jogo das "escondidas" e da "apanhada" que a criança se inter-relaciona e se conjuga com o mundo e com os outros, e por este motivo, adquire um adequado processo de desenvolvimento, tão fulcral para o futuro.
Não será apenas na escola que o deverão fazer. Aliás, seria precisamente no pós T.P.C que as brincadeiras deveriam surgir, ao invés de se sentarem frente a um computador a jogar aqueles jogos pelos quais todos nós passámos (ou passamos), numa determinada etapa de vida.
Pensando bem, e de forma muito sucinta, se já se torna difícil preservar amigos enquanto adultos (pelos mais variados factores), que serão destas crianças "enclausuradas" que nem amigos terão provavelmente para preservar?
E é por isso que, o Brincar é uma das formas mais autênticas, criativas e espontâneas de, atingir níveis profilácticos não atingíveis com outras estruturas. Ou seja, é um dos maiores pesos que, quando retirado da balança, provoca desequilíbrios psicomotores, psicossomáticos e psicossociais.
Se não queremos olhar para futuras pessoas fragmentadas, então elas hoje terão que brincar.
Brincar muito!

M.C

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Há ricos que não são tanto quanto os pobres. "Mr. PIP" Guiné-Bissau


- Dançar
- Ler
- Filmes
- História
- Portugal
- África
Escrever (fácil de acertar, por certo)

Acabei de enumerar, dentro das minhas altas escolhas, os interesses sentidos que tenho.
Sem conhecer África já dela gostava, depois ficou a mais pura admiração e curiosidade.
Acontece que, num dos momentos em que nos encontramos em processo de (re)avaliação e escolhas de caminhos (difíceis alguns), surgem-nos sempre pinturas cinematográficas que nos prendem e fazem render.
Quero voltar, apenas com o objectivo de, quiçá, estar presente neles por completo.
Quero sobretudo, crescer e amadurecer os ideais e os gostos que penso serem os mais indicados.
Sentir-me-ei feliz e grata pelo apoio que os meus me possam dar.
Dando a mão aos outros, dou o braço a mim inconscientemente.
E não, não é treta nem palavras ocas e todas bonitinhas.
São desejos e sonhos. E estes? Só existem quando neles acreditamos.
E com esta deixa finalizo esta simplicidade de troca de ideias e desabafos, ficando apenas ou tudo para dizer.
Mas prognósticos, só depois de ver o filme claro.
Regresse ou não, fica a frase: "Seremos tanto maiores, quanto menor for a ideia do não acreditar"
Espreitem  trailer:
http://www.tvi.iol.pt/videos/13876874

M.C



terça-feira, 21 de maio de 2013

Até já...!


Ainda que Primavera seja a estação, era um dia de Inverno bem definido como ele é.
Agarrava com as minhas mãos nada tranquilas o telemóvel para enviar uma mensagem, mas apercebi-me que tinha ficado sem bateria. Como sempre, demorei uns longos e terríveis minutos para encontrar o carregador que se encontrava escondido entre duas peças de roupa e uns livros que eu não arrumara. Parecia que queria brincar às escondidas, mas nem isso eu conseguia fazer.
Liguei logo à luz aquele que me poderia dar o balanço para aquilo, que eu não fundo não queria fazer: enviar a mensagem.
Olhei para o ecrã três vezes, e fechei o telemóvel. Voltei a abri-lo e fiz duas tentativas de texto. Desisti.
É-me difícil sempre, falar com quem não está ou está prestes a partir, principalmente quando sei à priori que devo transmitir a minha força para aqueles, que sendo nossos amigos, precisam dela.
Por breves instantes, decido desligar-me desse facto verídico e contínuo na minha rotina habitual.
É já outro dia. Levanto-me, tomo o meu sempre grande pequeno-almoço, preparo-me para sair e para mais um dia, voltar à rotina: esperar sinais verdes de peões, entrar no metro, sair do metro, esperar que todas as pessoas apressadas para o trabalho, corram incansavelmente as escadarias que dão ao piso superior das estações de metro e só depois eu subo. O stress não é para mim. Prefiro sempre sair mais cedo do que correr. Mas às vezes, se eu corresse eu não teria o tempo disponível e agradável como tenho. E eu não pensaria (como pensei) no que dizer na mensagem, que resumidamente se restringiu ao nada.
Sim, eu não escrevi nada.
À Sara, uma guerreira e uma força da natureza exemplar, eu apenas liguei no dia em que pisou Portugal. Como? Onde? E quando? Foi a sintonia alcançada por nós, e aquilo que foi possível de ser dito.
Não foi fácil encontrá-la no local combinado, mas depressa ouvi o seu grito: "Estou aqui, Guidaaa!". Estacionei o carro, saí e abracei com tanta força quanto pude. Esta era a mensagem, que eu queria ter escrito, mas compreendi que estes abraços não têm tradução possível.
À Marta, uma mulher que discretamente eu consegui dar os meus laços e que, perdidos em ocasiões nada especiais, foram restaurados em absoluto, eu posso dizer que confundi os dias da sua chegada. Não obstante a essa minha falha, já tenho a lição estudada. Vou abraçá-la e escutá-la. Não sei se, caso ela precise de algo mais, eu lhe poderei dar. Não sei se terei todas as virtudes para compensar a distância entre Alemanha e Portugal, e para fazer enriquecer uma hora em que nos possamos lembrar dela por mais uns largos meses. Agora, ela poderá ter completa certeza que, naquilo em que eu sou melhor, eu serei ainda mais sem erros alguns. Nisso, ela sabe que poderá sempre contar.
Entre Angola e Alemanha, meses e meses, mensagens e faltas de bateria no telemóvel, eu saberei sempre, assim como elas também, que estou cá como sempre estarei. Que despedidas serão sempre um "até já". E que, provavelmente, não lhes enviarei tantas mensagens como queria, porque a principal é dada cá, em silêncio. E será sempre em silêncio que direi o "até já". Por palavras, não conseguimos dar a coragem de quem tanto precisa dela, quando mais uma vez, entra no avião e parte para o outro lado.
Elas são um exemplo. E eu, como toda a sua família e a restantes amigos, estaremos cá para assistir alegremente ao alcance do seus sonhos.
Até logo Sara!
Até já Marta!

M.C

sexta-feira, 17 de maio de 2013

18 de Maio - Dia da Luta Antimanicomial!



Será o passado uma história distante? 
Diria que o presente prepara-se agora para um novo e cada vez melhor futuro. Entre uma coisa e outra, existem milhões de histórias para contar.
Felizmente, não nasci na época em que amarravam os utentes, identificados por "gatistas", em coletes de força com o objectivo de anular os seus comportamentos totalmente desajustados, desorganizados e extremamente violentos. É certo que, o desenvolvimento da medicina assim como o da indústria farmacêutica, estava em ponto morto. 
Sabemos também que, os loucos do manicómio realizavam a sua higiene pessoal juntos, com jactos de água uniforme e desprendida de qualquer adereço emocional. Sabe-se também que, o que vestiam não se diferenciava por cada um. Eram todos iguais: batiam com as cabeças, mordiam-se, gritavam e exactamente por estas razões, nunca lhes retiravam os braços cruzados perante o peito magro e esquelético.
Apesar de duro e cruel, este foi um percurso marcado por verdadeiras amarguras e pensamentos radicalistas.

O passado é mesmo já uma história distante, ainda que poderá e deverá sê-lo cada vez mais.
Hoje, não existem loucos, existem pessoas. 
Hoje, o manicómio foi substituído por unidades de apoio à pessoa com experiência em doença mental, de forma a possibilitar que todo e (qualquer um especificamente), possa construir o seu próprio projecto de vida. 
Se a Diabetes Mellitus, sendo uma doença metabólica caracterizada pelo aumento anormal de glicose no sangue, e acarretando inúmeros efeitos negativos nos pacientes que dela sofrem, não é olhada como algo de diferente, porque será então a Esquizofrenia, por exemplo?
Um diabético anda na rua e ninguém o discrimina. E a um esquizofrénico porque o fazem? 
Segundo o senso comum e algumas das respostas que fui encontrando, o estigma mantém-se pelo medo de uma possível alteração comportamental. Será? E se de repente os nossos olhos vissem com clareza cobras gigantes presas nos nosso pés? Eu por exemplo, saltava para cima de um mesa e gritava. E vocês?
Contudo, é sempre relevante perceber que, um policia tanto pode matar quanto um pescador, e nunca estaremos salvos de responder agressivamente a algo que algum dia nos posso proporcionar fúria.
Somos diferentes. Todos! E dessa forma, teremos todos respostas distintas, assim como objectivos e interesses. 

Enquanto Psicomotricista, tenho o maior prazer em trabalhar (com/para) pessoas com doença mental, sabendo de antemão que a Reabilitação não passará apenas por nós técnicos, mas pela comunidade e na aceitação da psiquiatria como mais uma especialidade do hospital. Afinal, é isso mesmo que é, uma especialidade, com as suas próprias especificidades, muitas vezes surpreendentemente positivas. 

Digam não ao estigma e à desvalorização do doente enquanto pessoa.
Afinal, eu não sou menos por ter uma dor de cabeça, assim como uma nota de 10€ que mesmo amarrotada tem sempre o mesmo valor.

Finalizo, agradecendo a todos as pessoas que contribuem para a sua integração numa rotina de padrão-normal considerável, principalmente às próprias pessoas com essa experiência pessoal directa.

M.C


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Anti- Benfica ou Anti-Portugal?




Não sou uma verdadeira Benfiquista.
Não tenho o cachecol, não vou aos jogos, não vejo na televisão a maioria deles, e nem grito nas ruas quando ele ganha, é verdade.
Também é verdade que, não fico com irratibilidade facilmente, assim como mantenho a minha capacidade de resiliência bem ajustada no seu espaço próprio

No entanto hoje as minhas capacidades não permitiram esse equilíbrio por 3 razões:

  1. Educação
  2. Inteligência
  3. Crise 

Passo a fundamentar:

  1. Educação porque dela fazem parte atitutes que nos modelaram em algum momento de crescimento na nossa vida que, ainda que possa ser modificada pelo impacto social negativo/positivo a que nos predispomos e aceitamos passivamente, ela pode ou não existir. Por exemplo, faz parte da minha educação, respeitar as leis existentes acerca dos critérios de admissão para um cargo político em Portugal, ainda que não os aceite. Educamente, posso também escrever no "livro de reclamações" sem chamar vaca à funcionária que me atende. Educação é sim, perceber a raça negra é diferente da raça branca e que as duas podem morar no mesmo bairro, assim como o  Benfica e o Sporting, que por exemplo, são dois clubes portugueses que disputam os mesmos títulos todos os anos, treinando para eles onde? Em Portugal. 
  2. Inteligência pelo facto de todo e qualquer adepto (e para os menos inteligentes: para os adeptos de todos os clubes de futebol portugueses), não consigar entender que a provocação para o Benfica que aconteceu neste final de Campeonato Europeu é sinónimo de provocação a Portugal. Logo, façam.-me o obséquio de entender que nada mais é do que o Zé Povinho gozar com ele próprio.
  3. Crise, porque começo a acreditar que os valores éticos e morais andam a ter encontros secretos e intimos com a crise económica, que ao invés de se ir deitar para um quarto bem longe daqui, quer um cada vez mais perto. Os portugueses ao invés de trabalharem um pouco a educação, e a inteligência (caso seja possível), andam a dar lençóis lavados à cama onde se deitam as" Crises". Depois, não vai haver stock  para o Zé Povinho pedir emprestado.
O Benfica hoje perdeu novamente, e isso entristece de facto.
Não obstante a esta situação, entristece-me ainda mais perceber que se os Portugueses estão de costas voltadas uns para os outros, então assim é que o Zé Povinho nunca mais irá comprar lençois novos, a não ser claro que os vá pedir ao Chelsea.

  Esta foi a primeira crónica que fiz sobre futebol. Gostaria de não escrever mais nenhuma.



domingo, 12 de maio de 2013

O desaguar de um rio em movimento.



Enquanto Psicomotricista (que para caso do desconhecimento da profissão, e se tiverem alguma curiosidade podem aceder na coluna do lado direito do blogue, depois clicar em "capítulos"  e seguidamente no ano de 2012, que logo irão perceber o que sou, o que somos e aquilo que fazemos para as pessoas, ainda que através delas, sempre.

Reformulando a questão (que por vezes é importante para a compreensão de assuntos sobre os quais nem reflectimos), enquanto Psicomotricista procuro sempre encontrar no outro a origem, de um rio desaguado num lugar desconhecido ou até mesmo adormecido, que nos possa levar ao encontro de outros rios e outros mares.
Metafóricamente falando, sabemos que o rio Guadiana nasce nos Ojos del Guadiana em Espanha, e desagua entre a cidade portuguesa de Vila Real de Santo António e a cidade espanhola de Ayamonte, porque em tempos foi observado, estudado e comprovado tal situação.
Acontece o mesmo conosco, com todos nós: os que têm experiência directa na saúde mental, os que participam como observadores nessa mesma experiência e os que não sabem o que dela é sujeito, ainda que possam ouvir falar dela nos media.
Quero eu dizer com isto o quê?
Que só conhecendo afincadamente o nosso corpo podemos em absoluto usufruir dele, só sabendo e vivenciando o conjunto total das nossas mãos e dedos poderemos saber que através deles as pinturas surgem, ou as peças de barro pintadas com a alma aquecida de contentamento de outrém.
Assim, a nascente do rio será a descoberta sobre mim, sobre o meu Eu, a viagem até ao fim serão as minhas experiências e vivências adquiridas ao longo do processo de desenvolvimento, e nas minhas peças de barro eu desaguo para um e mais valioso patamar (assim o deseja qualquer um).
É relevante que toda a comunidade perceba que, se o rio não controla adequadamente a sua movimentação é porque na nascente houve algo incontroverso e longe de uma compreensão possível. Apesar de tudo, não é sinónimo de que o mesmo chegue brusco e desague desajustadamente pois não?
Então, é um ano bom de começarmos a acreditar que o rio pode chegar calmo e tranquilo, ainda que com um percurso brutalmente atribulado.
Estamos a tempo de não culpar nem estigmatizar.
É hora de cuidar e de amparar (com ou sem braços).
É por tudo isto, e mais mil razões que vos digo enquanto Psicomotricista, que o facto de não sabermos para que servem os pés, não significa que eles deixem de existir.
A nossa existência é, e sempre será fruto da capacidade de auto-conhecimento de um todo, através da sua movimentação constante.
Se a Terra não se movesse, alguns de nós nunca olharíamos o Sol.
Movimenta-te tu também!

M.C





sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os retornados de hoje.



O amor-ódio existe. 
Detestava estudar a disciplina de História, mas adorava saber tudo o que ela nos tinha para contar.
Foi sempre uma paixão, que até então se tinha mantida bem quieta no seu lugar, até à bem pouco tempo, não fosse um despertador feio e rabugento que me fizesse acordar para ela.
A crise tem mudado os meus pensamentos em várias valências. A história, a Nossa História, a História de um povo chamado Português tem movido em mim fontes e janelas para um outro lado do cais.
Ainda que numa outra era, com valores muito distintos, com leis completamente firmes e antagónicas, um outro despertador também tocava. 
Hoje, acordamos com total desconhecimento do dia posterior, ainda que nos permaneça algumas vezes, um sentido apurado de luta, persistência e liberdade, e por essa razão, acabamos por acreditar sempre em alguma coisa, nem que seja, uma pequena manutenção anual de um automóvel.
No ontem, as pessoas também acreditavam que a realidade (e bem fundamentada pelo que se sabe), era a de uma vida rica e cheia de momentos prazerosos de altas rodagens. Mas como em toda a roda, ela fez marcha-atrás, e eles ainda que incrédulos voltaram. Retornaram.
Sim, falo dos Retornados. 
Sim, sei que ao falar-vos deles ou de si (caso o seja), falo de feridas profundas e nunca saradas. 
Não irei descrever sentimentos e remorsos porque não estava cá para contar o quão difícil foi abandonar um sofá onde se sentavam todos os dias a conversar sobre as noticias (algumas atrasadas) chegadas de Portugal. Não sei como foi difícil dizer adeus aos que, pior ou melhor, nos davam  pequeno-almoço diariamente, e que durante anos tiveram que prestar vassalagem a nós. Uns mereceram-na, não duvido. Outros nem por isso. E tudo isto é dito por mim, que desconheço aquilo que apenas conheço nas páginas dos livros de História que eu detestava ler, e que agora voltei a abri-los.
Passou pouco tempo, mas precisei de os reler. Necessitei de confirmar o que fomos, e o que já não fazemos. O que fizemos, e o que já não somos. Senti um terrível e inacabado desejo de entender que tudo isto não passa de uma roda, de um círculo ou de outra coisa qualquer que se possa denominar, e que se caracterize por algo que foi, e voltou.
Nós fomos, conquistámos, abusámos e perdemos. Ao descolonizar o que nos pertencia, descolonizá-mo-nos a nós mesmos. 
Agora, e de boca segura digo (porque vivo) este instante desorganizado, a crise além de ter chegado ao país, bateu-nos à porta do quarto, onde estávamos tranquilamente a tentar amarrar o sono, que até esse nos tem faltado.
Agora quis o destino, que nós portugueses voltássemos a sair, com a diferença de habitar colónias de outros (mais espertos que nós? Sim. Mais inteligentes? Não.)
Futuros retornados?
.....
Talvez, mas para onde?

M.C


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sei? Não.




Hoje o dia está envolto neste pensamento.
Será mesmo a minha estudada fundamentação ou o analfabetismo de entendimentos dos demais?
Pois....

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Escolhas (in)correctas.



Pensava eu, na minha tão grande e cada vez mais diminuta inocência, que toda e qualquer imagem, paisagem ou momentos que transbordam todo e qualquer sentimento, apenas seriam considerados isso mesmo quando todas as peças se reunissem e se conjugassem. Ainda que algumas com menos capacidade de resiliência que outras, eu considerava esse quadro como um dado adquirido.
Lembro-me, por causa deste assunto talvez, de uma situação muito peculiar que me aconteceu há já alguns anos (felizmente ou não, tenho uma excelente memória de longo-prazo), onde inesperadamente uma pessoa extraordinária me disse : " O crer em Deus é muito relativo. Há pessoas que pensam viver sem ele, e vivem porque não acreditam. Há outras que constroem diariamente um percurso de agradecimento a tudo o que nos fez. Depois há aquelas que não sabem bem no que acreditam. E por fim, existem as pessoas como tu."
Passaram dias desde essa última conversa, que inacabada ficou por terminar. E como tudo o que não sei pergunto (às vezes até 3 e 4 vezes), fui ter com essa pessoa e pedi para me caracterizar o último grupo de pessoas, da qual não tínhamos falado e onde eu estaria incluída.
"Minha querida, tu crês em Deus, como ele crê em ti. Mas respondendo à tua pergunta, fazes parte do grupo de pessoas que utiliza a fé e confiança para chegar até Ele, mas não aceitas que Ele chegue até ti."
Confesso agora, que toda aquela resposta era demasiado profunda para eu a entender. Esforcei-me, pensei inúmeras vezes sobre isso, até que desisti.
Hoje, e assim repentinamente, todo esse grande momento saltou do baú da minha memória, num lugar normal, numa hora comum e rodeada de pessoas naturalmente esquivas.
É verdade sim, nunca quis que Ele chegasse até mim, porque sempre desejei que Ele chegasse até aos outros, principalmente, àqueles que gosto e venero ansiosamente, pois pensava eu, se eles estão felizes eu também estou.
Mas não, enganei-me. Felizmente, o processo de amadurecimento de vida adulta traz-nos estes percalços e estas formas distintas de visualizarmos o mundo.
É verdade, não é que me enganei mesmo?
Os outros podem até estar a transpirar sorrisos e eu não.
Os outros até podem considerar que o melhor é vestir roupa limpa, e eu achar que deva vesti-la suja.
Os outros até podem considerar que estendo a minha mão de vez em quando, e eu dou todo o meu corpo todos os dias.
Os outros têm o direito da sua opinião, assim como eu também.
Os outros têm o direito de serem felizes, assim como eu.
Os outros existem, assim como eu também.
E se os meus caminhos incomodarem, eu depressa agarro nas malas e já agora, numa máquina fotográfica, e vou. Vou sem olhar para trás. Vou tirar imagens aos meus sorrisos e a todas as minhas alegrias. Ainda que muito diferente sejam as minhas escolhas, são minhas.
As malas estão prontas, a máquina também. Só ainda não estou eu.
Mas quando esse dia surgir, que ninguém duvide que eu vou.
Só não sei se voltarei....

M.C