quinta-feira, 2 de maio de 2013

Escolhas (in)correctas.



Pensava eu, na minha tão grande e cada vez mais diminuta inocência, que toda e qualquer imagem, paisagem ou momentos que transbordam todo e qualquer sentimento, apenas seriam considerados isso mesmo quando todas as peças se reunissem e se conjugassem. Ainda que algumas com menos capacidade de resiliência que outras, eu considerava esse quadro como um dado adquirido.
Lembro-me, por causa deste assunto talvez, de uma situação muito peculiar que me aconteceu há já alguns anos (felizmente ou não, tenho uma excelente memória de longo-prazo), onde inesperadamente uma pessoa extraordinária me disse : " O crer em Deus é muito relativo. Há pessoas que pensam viver sem ele, e vivem porque não acreditam. Há outras que constroem diariamente um percurso de agradecimento a tudo o que nos fez. Depois há aquelas que não sabem bem no que acreditam. E por fim, existem as pessoas como tu."
Passaram dias desde essa última conversa, que inacabada ficou por terminar. E como tudo o que não sei pergunto (às vezes até 3 e 4 vezes), fui ter com essa pessoa e pedi para me caracterizar o último grupo de pessoas, da qual não tínhamos falado e onde eu estaria incluída.
"Minha querida, tu crês em Deus, como ele crê em ti. Mas respondendo à tua pergunta, fazes parte do grupo de pessoas que utiliza a fé e confiança para chegar até Ele, mas não aceitas que Ele chegue até ti."
Confesso agora, que toda aquela resposta era demasiado profunda para eu a entender. Esforcei-me, pensei inúmeras vezes sobre isso, até que desisti.
Hoje, e assim repentinamente, todo esse grande momento saltou do baú da minha memória, num lugar normal, numa hora comum e rodeada de pessoas naturalmente esquivas.
É verdade sim, nunca quis que Ele chegasse até mim, porque sempre desejei que Ele chegasse até aos outros, principalmente, àqueles que gosto e venero ansiosamente, pois pensava eu, se eles estão felizes eu também estou.
Mas não, enganei-me. Felizmente, o processo de amadurecimento de vida adulta traz-nos estes percalços e estas formas distintas de visualizarmos o mundo.
É verdade, não é que me enganei mesmo?
Os outros podem até estar a transpirar sorrisos e eu não.
Os outros até podem considerar que o melhor é vestir roupa limpa, e eu achar que deva vesti-la suja.
Os outros até podem considerar que estendo a minha mão de vez em quando, e eu dou todo o meu corpo todos os dias.
Os outros têm o direito da sua opinião, assim como eu também.
Os outros têm o direito de serem felizes, assim como eu.
Os outros existem, assim como eu também.
E se os meus caminhos incomodarem, eu depressa agarro nas malas e já agora, numa máquina fotográfica, e vou. Vou sem olhar para trás. Vou tirar imagens aos meus sorrisos e a todas as minhas alegrias. Ainda que muito diferente sejam as minhas escolhas, são minhas.
As malas estão prontas, a máquina também. Só ainda não estou eu.
Mas quando esse dia surgir, que ninguém duvide que eu vou.
Só não sei se voltarei....

M.C

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