segunda-feira, 19 de maio de 2014

Até o respirar é simples...



Hoje apeteceu-me partir.
A ilha, ainda que de dimensão muito pequena apoderou-se de mim, num determinado momento da minha vida e me tornou rica. Gostaria de desenhar numa folha reciclada o quanto foi importante para mim, mas não consigo. Vivenciei demasiado e absorvi tudo quanto me foi possível faze-lo num espaço de tempo limitado. Eu ficaria mais para enriquecer e encher os bolsos de memórias, cheiros e afetos. Mas não pude ficar...afinal, nem tudo o que queremos é nos facilitado e muito menos é algo concretizável. Utopicamente falando, há sonhos e sonhos. Assim como há pessoas e pessoas...lugares e lugares....caminhos e caminhos. Tudo é variavelmente inconstante e simples! Simples sim, faz parte de nós torná-las simples e onde melhor para tal do que na ilha? Lá é tudo grande de tão pequeno. O comportamento e as atitudes são tão recém-nascidas e arcaicas que nos levam a imaginar uma vida assim. Tudo o que pode sobressair da resposta corporal é puro. Aquilo é assim. Máscaras só mesmo em eventos que exijam o uso desse adereço. Tem tudo uma beleza única e extraordinária de cor tropical. E é tão bom perceber a alegria, com menos.
Sim, a cultura difere em cada lugar. Mas hábitos somos nós que o criamos, assim aprendi e por isso assim penso.
Tenho como um dos princípios, que o mais alto valor da vida Humana é a capacidade que temos em viver igual em diferentes comunidades, adaptando-nos e ajustando-nos para que sejamos integrados, mas nunca para a anulação de onde nascemos. É isto o nosso mundo. É isto a pluralidade de comunidades e é esta a razão pela qual somos seres em desenvolvimento. Às vezes só não é preciso assim tanto para sermos possuidores, de alguma e mera alegria. Faz tão bem e é a cura de tanto rosto menos contente.
Aqui ou lá...ou nos dois lugares, porque o caminho se Deus quiser ainda será longo, e eu terei tempo de regressar.


M.C

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Pois que assim seja.



Há momentos que mereciam um pouco menos de mim.
Todos deveríamos ser, obrigatoriamente, um pouco menos, só de vez em quando ou até mesmo de quando em vez. Porque há aqueles que não dão nada, e depois há os que dão por eles, pelos outros e ainda entornam para fora do seu Eu aquilo que podiam apaziguar.
Entro na última equipa. E olhem que sempre me disseram que os últimos são sempre os primeiros, ainda que não entenda a razão deste, muito possível mito.
Mas eu sou assim. Entrego-me e mergulho de cabeça! E o que eu gosto de mar! Aquele mar que me atira para outro sitio, que não meu naquele segundo, eu agarro, transformo, cuido e apodero-me na sua totalidade. Apaixono-me e endoideço-me pela sua tão real capacidade de me massajar os pés, cansados e exaustos de pisar chão duro, com aquela areia que não se esgota.
Ainda assim, envolta em tanto e belo equilíbrio eu teimo em sair desse paraíso e, entregar-me novamente. Sou assim. Pouco não é para mim e para mais ou menos, basta o nosso País que não tendo qualquer culpa, acabará sempre por ser o massacrado nas mãos de pele fina e nada crespa dos homens que cuidam dele, ou tentam.
E cuidar, caros leitores, é uma das palavras mais bonitas da nossa escrita.
Tão bonito quanto uma criança o é em dia de sol, onde a tranquilidade exerce o seu maior poder.
Apesar de tudo, fale o que falar, escreva o que escrever, a minha entrega pelas coisas e pelo mundo terá sempre o seu primeiro lugar, assim como as pessoas que me querem o bem. Dou tanto a elas quanto me é possível dar e não espero recompensa, só um obrigado e fico feliz.
Tão feliz quanto o primeiro dia de voluntariado...as saudades que tenho! O quanto me fizeram bem e me deram tanto, aquelas coisas chamadas gestos, que não se pode tocar nem olhar, mas que se sentem! Vivi tanto e sou tanto daquilo que fiz, que ser pouco deveria mesmo ser uma opção para de vez em quando, que acaba esquecida e, cansada.
Não faz mal...até porque na natureza "Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma" já dizia Lavoisier. Então que tudo se transforme para melhor e em grande quantidade, porque pouco não é mesmo nada.

M.C