terça-feira, 26 de novembro de 2013

Porque não?



"I have a dream" já dizia Martin Luther King. Dizia-lo porque acreditava nele, porque lutava, porque se amargurava de tanto escudo andante perante si.
Não foi fácil e ainda não o é.
Os sonhos grandes nunca nos são dados por mero acaso e o destino neles não entra. Nos pequenos sim! Nos pequenos basta uma dose de querer e eles desenrolam-se como se abrisse um novelo de lã branca, aquela que utilizamos para personalizar uma ovelha sozinha na folha. Os pequenos acabam por surgir quando esperamos que eles surjam, quando estamos sentados na esplanada de um café a beber uma sagres gelada e a roer uns cajus. Nos grandes não é assim que se procede. Ou se é, não tem sido com a minha pessoa.
Nos grandes temos de esperar, sentar e dormir sobre eles, de forma a que não nos esqueçamos do que queremos na manhã seguinte. Nesses, que se dizem grandes temos de sonhar alto, mas quietos, pois quanto maior e melhor for o banco da sala de espera, mais seremos capazes de estar sentados sem que no fim encontremos o nosso corpo em formigueiro.
A espera é às vezes tão angustiante, que involuntariamente pedimos distância a um, para entrelaçar o outro. Tão agitada, que preferimos sonhar pequeno pelo prazer imediato de ter logo no instante ao invés de abraçar o tempo e pedir-lhe pressa.
São caminhos opcionais.
Eu opto esperar, ainda que nem sempre o tenha feito.
No entanto, não pense o leitor que sempre assim fora, porque não.
Sim, porque não?
Porque não mudar o rumo?
Porque não sonhar alto?
Aliás, sonha alto quem por si sonhos pequenos realizou um dia.
Procurem um lugar, um silêncio, uma hora de paz tranquila e, porque não acreditar?
Enquanto ele não se reproduz, eu cá estarei embrulhada em energia de natureza.

M.C