segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para vós!


Fiz uma viagem a um local, que é de tal forma tão próximo de nós que nem damos por ele.
Disseram-me que esse local existia para quem desse valor aos outros. Sim, aos outros, não a nós próprios, ou pelo menos não neste momento.

Aos outros, porque afinal de contas, somos o que somos derivado das relações que desenvolvemos com as outras pessoas, e também das que mantemos com parte delas, sejam elas positivas ou não.

Estas enormes qualidades que tenho, tais como os gigantescos defeitos que possuo, fazem de mim a pessoa que sou: persistente, rabugenta, dedicada, teimosa, humilde, simples...entre outros tantos que nem eu sei descrever. No entanto, é preciso referir que o meu "eu" está subjacente em todas as atitudes que tenho pelo convívio, pelos momentos e pela oportunidade que me foi dada em conhecer todas as pessoas que passaram e estão a passar na minha vida.

Foi, de alguma forma, o AMOR delas que me permitiu retirar de cada pedaço um conjunto de receitas possíveis de serem aplicadas no dia-a-dia, fazendo com que me tornasse e me torne uma pessoa feliz, aliás, muito feliz.

É este AMOR, que seja ele um abraço ou um sorriso, me vai percorrendo calmamente a minha memória, fazendo lembrar-me tanto,

*de ti Mariana,
*como da D.Justa,
*como da Ritocas,
*bem como de Ti, Bisavó Adelaide, que tens olhado por mim, desde sempre e para sempre.

Um beijinho enorme para todas*



"Existo porque fui amado"
Dr. António Coimbra de Matos.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010




Não esqueço nem por um segundo da minha vida. Nem dá para esquecer...
A sociedade no geral, nomeadamente pessoas ignorantes, têm tendência para olhar para a pessoa com deficiência, de uma forma totalmente diferente.
Elas são realmente diferentes sim, tal como as pessoas que não têm qualquer tipo de deficiência são diferentes. Todos nós somos igualmente diferentes uns dos outros, pois o ser humano é completamente único e heterogéneo, não querendo isso dizer que os valores, princípios e formas de respeito devessem ser distintos. Esses sim, deveriam ser todos iguais, pois não há dinheiro no mundo que pague o valor de um pequeno gesto demonstrado por um segundo, de um ser humano para outro.
Não é por acaso que me desloco, constantemente, a locais em que possa crescer como pessoa e profissional. Esses locais e essas pessoas, que tenham elas o tipo de deficiência que tiverem, me fazem ver mais do que aquilo que vejo no meu mundo!

No centro de apoio a Deficientes Mentais Profundos Papa João Paulo II (Fátima), aprendi que eles são muito mais genuínos e autênticos que nós, que nos consideramos "normais" (e que isso para mim da normalidade nem sequer existe), pois aceitam tudo de uma forma excepcional, sem colocarem nada em causa.

Na Casa de Saúde da Idanha (Belas), aprendi que acima da patologia que a pessoa transporta, está a própria pessoa. Tal como necessitam constantemente de tratamentos/comprimidos, também necessitam de afecto. É esse afecto que nós, ditos "normais", colocamos em último lugar, pois à sua frente estão outros tantos aspectos fúteis.

É importante perceber que, o mundo em que nós nos predispomos não é único, e que existem outros tantos que nem sequer sabemos que existem, pois se soubéssemos tudo seria diferente.

"Afia-me todos os lápis de cor, para eu parti-los. Só assim tu ficas aqui, comigo."

Dedicado a uma pessoa que tem uma patologia denominada por esquizofrenia, que tem 95% de falta de visão, que tem uns olhos azuis como nunca vi até hoje, e que me ensinou que o afecto é um dos ingredientes principais para se poder viver feliz.

Obrigada por tudo. "LO".