quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A menina que queria ser um avião.

Quando Maria era criança, (...) Não, não é assim! Vou recomeçar: quando a Maria se encontrava na idade de desenvolvimento infantil (porque criança ela, felizmente, continua a sê-lo e bem), sonhava de forma muito consciente e rigorosa ser feliz. Sim, esse simples facto tão complexo e excitante: a felicidade. De sorrisos mudos e palavras ocas, cresceu brincando ao "faz-de-conta". Um dia, enveragava o papel de médica, outro o papel de cabeleireira (um dos mais frequentes até), e noutros dizia bem alto : "Saiam da frente que eu sou um avião e voarei agora"! O que ela não sabia porém, era que um avião nunca poderia sê-lo, por mais que o desenvolvimento cientifico e tecnológico estivesse em altas rodagens. Mais tarde, e mais uma vez, a crescer brincando, Maria tinha deixado o "faz-de-conta" pelo interesse absoluta na tradução do que, futuramente iria ser. Entre mil achados gloriosos, espalhafatosos, enfedonhos, e alguns muito mal cheirosos, a menina (ainda criança), decidiu para espanto da familia, ser trapezista! Sim, trapezista era realmente o seu sonho. E por ser de tal forma, tão dificil contrariar a ideia de uma menina-criança, cujas ideias se encontravam vinculadas seguramente ao seu "eu" desde que a mãe, feliz, a deu à luz, ela seguiu esse caminho. Foi trapezista 10 anos num circo em Biesdorf, perto de Berlim. Voltou para casa para espanto da familia, que imediatamente a questionaram. - "Maria, porque voltaste?" - perguntou o pai - "Quer me parecer a mim que já não estava feliz!" - retorquiu o irmão - "Ah já sei! Não vives sem nós!" (risos) - disse em tom de brincadeira a prima - "Estou bem e muito feliz" - disse a Maria - "Então não estou a perceber nada!" - disse o irmão confuso - "Vim porque, além de muito feliz, já sei voar como um avião (risos). Vejamos: baloiçava equilibradamente (âs vezes) na corda do trapézio. Tão depressa estava de pés assentes no chão, como a 10 metros dele. Num minuto estava segura, noutro não tinha segurança alguma. Num segundo estava muito feliz e, no outro poderia já nem sequer saber do significado da felicidade. Neste momento, sei que feliz é aquele que encontra a felicidade no lado esquerdo da meia linha e que cruza os seus passos em pequenos nadas. Não preciso de tudo mas também recuso-me a não ter nada. Entre o chão e a corda do trapézio existe um caminho longo, que eu fiz por aprendizagem. Agora, eu não quero o chão nem muito menos o trapézio. Eu quero o meio, porque no meio a realidade é me facultada mas o sonho também. E se eu cair, a queda não será tão grande, nem o sonho estará tão longe. Até uma coisa e outra, felizmente vou voando! E se eu sei que consigo voar, então serei um avião. E que ninguém, em parte alguma me diga que não posso sê-lo.

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