sábado, 14 de dezembro de 2013

Obrigada Avó Adelaide!

 


Caminhar tem sido a minha vida. E para a frente, sempre.
Sou mulher de paixões fortes, gostos definidos e medos estúpidos, é verdade.
Sei aquilo que sou, o que posso e não posso dar aos outros, o que devo e o que não devo escutar, assim como a forma de agir perante os momentos mais marcantes desta vida que está prestes a entrar no 1/4 de século. E que bem e feliz fico, sobretudo quando os outros (os que me são de alguma forma especiais, por algo que me disseram ou fizeram algum dia), me dizem: "És tão novinha...tens um mundo pela frente". É verdade, eles têm razão.
Mas, não fosse eu tão eu, não iria acrescentar que se é agora que tenho as garras bem afiadas, é agora que tenho de procurar a presa. E que presa! Que presa tão delicada e difícil que não a tenho visto nos últimos tempos por estas bandas. Penso até, que emigrou como tanto homem e mulher desta terra. Chego mesmo a pensar que, fugiu sem passaporte e destino. É uma presa aventureira, talvez. Ou talvez não. Ou talvez sim, sei lá.
A verdade é que esta presa, aquela que tanto necessito para me construir e continuar a amar-me, tem andado nos meus caminhos, só que não a encontro, pelo menos agora. Mas esta mensagem é bem para ti, sim! Eu não desisto, e quanto maior for a tua rápida corrida mais eu me empenho em te procurar. Quanto melhor for a tua estratégia, mais eu a estudo e investigo.
E nunca te esqueças, que um dia te agarro com toda a força que apreendi dentro de mim. E sei que te agarro, sabes porquê? Porque não caminho sozinha, nunca caminhei. Tenho um anjo que me ampara a cada instante, incansável e extraordinariamente presente. Sempre o senti, não te visse eu, com estes olhos que tenho,aos 11 meses quando a minha idade não previa sequer saber o que tal significava. Vi-te e olhei, como ainda hoje o faço. Estás bem presente quando, ao fechar os olhos te vejo diante de mim.
Obrigada minha querida avó velhinha Adelaide!
Oiço-te e guardo-te no coração, até ao fim.

M.C

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, o Homem.



Rolihlahla, Tata, Khulu, Dalibhunga, Madiba e Nelson.
Eram estes os seis nomes do Homem que transformou o mundo, ou alguns hectares deles.
1918 foi o ano da data do seu nascimento e ontem, no dia 5 de Dezembro de 2013 a sua alma pediu licença para descansar.
Não é hábito escrever e homenagear todos aqueles, que fizeram algo de muito bom na nossa história, ou pelos seus princípios, ou pelas suas reais atitudes perseverantes, ou mesmo até pelos seus ideais vincadamente livres. Pois não, não homenageio muitos. Presto apenas a minha homenagem, e respeitando todos os outros que pelo mundo também muito fizeram, àqueles cujo carácter me impressionou, em determinado momento da minha vida.
E não muito longe de agora, um desses momentos aconteceu.
Meados de Junho, estava um dia fabuloso onde o sol entrelaçava as grandes árvores da Avenida de Liberdade que, eu fiz questão de percorrer para chegar ao Chiado. Ao contrário de outros dias, o que era suposto fazer resumia-se ao passeio de rua, a olhar montras e afins. Mas, o que é suposto para mim poucas vezes se encaixa. Peguei nesse tal suposto, e ao invés de fazer aquilo que é dito por norma fazer, eu fiz aquilo que bem entendi e, para o qual eu fui chamada.
Entrei nos Armazéns do Chiado, desci a escada rolante que dava à Fnac, e procurei.
Procurei livros que me pudessem dar alguns minutos de boas leituras, onde, entre eles se encontrava aquele que me fez repensar esse dia de sol, o outro e por aí em diante: "Nelson Mandela - Arquivo íntimo". Após algum tempo, e de forma a não ultrapassar os limites do bom senso dos espaços de leitura da Fnac, que como dizia o outro "quem quer, que compre", saí e voltei à realidade.
Realidade esta que, foi inspirada na dor de alguém que lutou para a heterogeneidade das pessoas, e pela aceitação homogénea da cor da pele, assim como pela liberdade, nunca devendo aceitar-se, segundo dizia no mesmo, uma meia liberdade.
Ou temos ou não temos, ainda que deveríamos sempre ter algo que desde a conceção seria (ou deveria) ser nos dada automaticamente, seja isso aquilo que se entenda.
Deixo aqui, como se deixa uma agulha num palheiro, uma mensagem de gratidão e respeito para aquele que nunca sairá do sitio para onde entrou: o coração da humanidade.
Ainda que a raça negra, a raça amarela e a raça branca tenham cores diferentes (e que bonito é um arco-íris), o coração, esse é sempre igual.
Obrigada Grande Madiba!
"Perdoem, mas não esqueçam". Então que perdoemos aqueles que ainda não aceitam a cor, mas não esquecemos então de quem tudo deu por ela.

Descansa em Paz.

M.C

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Porque não?



"I have a dream" já dizia Martin Luther King. Dizia-lo porque acreditava nele, porque lutava, porque se amargurava de tanto escudo andante perante si.
Não foi fácil e ainda não o é.
Os sonhos grandes nunca nos são dados por mero acaso e o destino neles não entra. Nos pequenos sim! Nos pequenos basta uma dose de querer e eles desenrolam-se como se abrisse um novelo de lã branca, aquela que utilizamos para personalizar uma ovelha sozinha na folha. Os pequenos acabam por surgir quando esperamos que eles surjam, quando estamos sentados na esplanada de um café a beber uma sagres gelada e a roer uns cajus. Nos grandes não é assim que se procede. Ou se é, não tem sido com a minha pessoa.
Nos grandes temos de esperar, sentar e dormir sobre eles, de forma a que não nos esqueçamos do que queremos na manhã seguinte. Nesses, que se dizem grandes temos de sonhar alto, mas quietos, pois quanto maior e melhor for o banco da sala de espera, mais seremos capazes de estar sentados sem que no fim encontremos o nosso corpo em formigueiro.
A espera é às vezes tão angustiante, que involuntariamente pedimos distância a um, para entrelaçar o outro. Tão agitada, que preferimos sonhar pequeno pelo prazer imediato de ter logo no instante ao invés de abraçar o tempo e pedir-lhe pressa.
São caminhos opcionais.
Eu opto esperar, ainda que nem sempre o tenha feito.
No entanto, não pense o leitor que sempre assim fora, porque não.
Sim, porque não?
Porque não mudar o rumo?
Porque não sonhar alto?
Aliás, sonha alto quem por si sonhos pequenos realizou um dia.
Procurem um lugar, um silêncio, uma hora de paz tranquila e, porque não acreditar?
Enquanto ele não se reproduz, eu cá estarei embrulhada em energia de natureza.

M.C

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Malala Yousafzaï


Não há muitas Malalas de 16 anos no Mundo.
Aliás, é a única que Malala que conheço.
Pensei um pouco antes de redigir esta crónica, pois assuntos destes não se encontram propriamente interligados às questões rotineiras e incómodas que lemos e vemos todos os dias, é um pouco mais. Quer dizer, muitíssimo mais.
E começo por onde? Começo mesmo pela idade: 16. Lembro-me que com esta idade, além de estudar, namoriscava e quebrava as regras que me eram impostas de modo convictamente rebelde (algo natural e saudável para o estadio de vida em questão, claro).
Se percebemos bem Malala, que na teoria é também ela uma adolescente convicta e rebelde, tem caminhado pelas suas ideias e convicções mais do que qualquer outra mulher com o dobro da sua idade e, é por esse motivo que, na prática supera a sua adolescência e transpõe já e de imediato para a grande mulher que é. Que tem sido e que será, assim o espero.
Tentei uma única vez integrar o seu papel e, vestir a sua pele já magoada de atentados horrorosos e estranhamente culturais, e foi difícil.
Afinal, Malala Yousafzaï sobreviveu a uma bala que se alojou no crânio e a tantos outros desumanos atentados e, ainda assim por cá contínua a lutar por aquilo que acha ser o correto: o direito de todas as crianças e mulheres terem acesso à educação.
Sabemos que continuará sempre a correr grandes riscos de vida, mas sabemos também que temos perante nós e todo o mundo um ser humano com uma força tal, capaz de caminhar sobre as pedras mais duras e significativas até chegar onde o Homem quiser.
 “Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. A educação é a única solução. Educação primeiro." É assim que se refere àquilo que tantos outros povos têm no seu meio e desprezam e, é enquanto luta (esperando ou não que num certo dia lhe atirem ácido à cara, como já referiu), que vai continuando o seu percurso, que nada é mais do que, uma vida cheia de valores e....educação, ainda que por ela procure.
É por este motivo, por esta Malala que acredito que não é preciso a existência de um exército para mudar o mundo, mas sim de dois ou três oficiais superiores ou, até quem sabe recrutas m formação.
M.C

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Raças


Lembrei-me de vos mostrar mais um dos grandes livros que entram na minha pequena biblioteca.
Ele há livros! Ele há escritores! Ele há homens! Ele há raças...!
Diz-nos Anabela, personagem de "O ex-futuro padre e a sua pré-viúva" (um dos tantos contos das páginas arraçadas), que o amor é para se desembrulhar em todos as ocasiões, mesmo que a forma de se lhe tirar o embrulho não seja a mais adequada e assertiva. Mesmo que seja até, da forma mais feia.
Digo eu, neste caso, que o amor é complexo, difícil e inutilmente desvalorizado.
Comparo muitas vezes esta peculiar questão às abelhas.
Sim, abelhas porque sem elas não teríamos mel. Estranho? Até parece um texto coberto de lamechice alheia e...mel!! Mas não, é verdade. Então, afinal de contas o mel não tem origem nas abelhas? O óleo do girassol? O papel das árvores? Tudo tem uma origem, ainda que estranha e embrulhada em demasia esteja.
Aliás, presumo eu que tudo tem a sua raça, como o amor que é transmitido de e para os tais homens que o autor nos confidencia. Eu tenho o meu amor, o meu homem que sendo único, tem a sua raça. Tal como eu tenho a minha. E é devido (também) a esse facto que eu defendo a heterogeneidade humana e as suas cores e formas. Não seremos nada sem diferença, sem distintos amores, sem variadas formas de rir, vestir e desembrulhar rebuçados como diz a personagem Anabela.
Eu gosto de raças sim! Gosto de gente quente, alegre, enérgica e feliz (mesmo ainda que a vida não permita).
E não, não é fácil falar. A prática é por vezes muito dura e cruel, mas só através dela conseguimos olhar o mundo e as gentes que nele habitam ou desabitam, (depende de cada caso).
Boa! Boa! Boa! Felizmente não há só luar e, felizmente que que existem autores que nos trazem para a realidade aquilo que nada mais é que outras realidades, que não sendo as nossas agora, poderão sê-las no futuro. Até porque, independentemente das raças todos precisamos de água para beber e um amor para amar.

domingo, 4 de agosto de 2013

Será o milho amarelo?

Foto: in Olhares.pt

Sigo em frente e não arredo pé.
Recuso-me absolutamente a andar para trás, ainda que saiba que de difícil não tenha nada.
Somos sobreviventes tais, que a alma se adapta a qualquer circunstância, seja ela amarga ou doce.
Tenho tido muitos doces debaixo da língua, mas ainda tenho aqueles amargos extra resistentes que permanecem debaixo do coração, escondidos.
Tão escondidos quanto a verdade, porque essa é sempre aquele maldita mulher da rua que todos pensam ver, mas que ninguém olha. Que todos pensam conhecer, mas que ninguém conhece. É a verdade, uma das mais complexas atitudes do Ser Humano.
Verdade esta que, a comparo de forma imediata com um homem deitado na rua, de camisa suja e sapatos gastos e descolados e que, podendo ser pobre é rico. Tem outras riquezas que alguns planetas desconhecem em absoluto.
Mas tenho, acima de tudo pena. Por mim e pelos outros planetas. Por mim, pela minha alma e pelos outros corações. Tudo o que deveria ser justo, não parece sê-lo. Mas se neste país alguns pagam impostos e outros não, o que faremos de tudo o resto?
Não há comparação. Há só alguma tristeza e dor não retribuída.
E tudo o que não se retribui, é porque com toda a completa certeza, não é sentido do lado de lá.
A verdade é esta: se alguém pensa sabe-la por inteiro, então é provável que não conheça nem metade do que é.
Importante mesmo, é seguirmos em frente seguros e, caso algum dia gritem o nosso nome nós olharmos para traz a sorrir, ainda que o coração chore.
Até lá, quem não sabe, não fala. Ou não deveria fazê-lo.
Até porque, se olhar para o milho sei logo que é de cor amarela. E por dentro, também será?

M.C


domingo, 21 de julho de 2013

Operação felicidade...a nossa claro.

















 O Semanário Sol publicou no ano de 2012, os pensamentos de uma Enfermeira Australiana chamada Bronnie Ware sobre aspectos da vida, ou reformulando, sobre aspectos de uma não vida.
Calculo, enquanto cidadã que desconheço o mundo dos Cuidados Paliativos (e aproveito desde já para enaltecer o trabalho de todas os profissionais que nessa área trabalham), que não deve ser pleno de olhar e que as maiores e infelizes lições são dadas nesses locais.
Por isso, a Enfermeira decidiu gritar ao mundo aquilo que lhe foi dito ao longo do tempo, ou pelo menos, aquilo que a mesma registou como sendo a mais relevante de todas: arrependimentos.
São eles:

- "Quem me dera ter tido a coragem de viver de acordo com as minhas convicções e não de acordo com as expectativas dos outros"

- "Quem me dera não ter trabalhado tanto."

"Quem me dera ter tido coragem de expressar os meus sentimentos."

"Quem me dera ter mantido contacto com os meus amigos." 

- " Quem me dera ter-me permitido ser feliz."

 Ainda que nos possamos rever neles, de quando em vez ou quando seja, não é de todo fácil colocar em prática. Mas é possível.
Vivemos em tempos que existem mais modas que árvores, mais vícios que pinturas a óleo e menos espírito open-mind que as barragens do Alentejo em tempos de seca. Estou dentro desse ciclo vicioso, estamos todos ou não estivéssemos nós no planeta Terra. Mas, então se uma boa fatia da população nos diz, com pouco em mais força, com mais ou menos vontade, dos arrependimentos que, por sua vez são comuns, porque não construímos e refazemos o nosso caminho à medida desses arrependimentos? Apenas prevenir que os tais arrependimentos sejam menos, ou com menos intensidade.
O 1º passo será o conhecimento securizante de nós próprios, nem que para tal tenhamos que experimentar botas pretas antes de calçar sandálias (como eu muito bem já fiz há alguns anos). Depois disso, aceitamo-nos como somos (ainda que possa demorar tempo),e  tudo o resto vem por acréscimo.
Se querem rastas coloquem-nas, senão ficam à mercê daquilo que os outros acham como mais adequado e melhor para vocês.
Se uma mulher quer ser Freira e prosseguir o caminho de Deus enclausurada num convento, que siga. Mas atenção, siga depois da certeza. E caso não a haja, por onde entrou poderá sempre sair. Pessoalmente e, relativamente a este último caso, acho uma ideia profunda e demasiado distante do mundo. Sozinhos somos pouco, somos menos e mais tristes. Mas atenção, esta é a minha opinião. E se a senhora achar que não? Talvez eu até possa estar redondamente enganada. Quiçá? Ainda assim, se a senhora assim for feliz então será esse o caminho que deverá escolher sem olhar para trás.
Não andava nua numa tribo, isso não. E daí? E se uma família achar que é através do corpo, na sua forma mais natural e embrionária que obtém a energia positiva da família? Que seja, claro.
Haveria muito para contar, mas fica a deixa para a reflexão.

Penso eu, ser este o primeiro passo para a operação felicidade. Para a nossa felicidade, que a do mundo virá por acréscimo. E digam lá, que era do nosso mundo sem heterogeneidade? Aborrecido com toda a certeza!

http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=40612


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vejo daqui muros de Berlim por derrubar.


Há histórias marcantes.
A construção, assim como a queda do muro de Berlim foi me contada na escola, numa das minhas disciplinas favoritas: história.
Após anos, dou por mim a rever a critica situação que fora um dia esta guerra fria e a compará-la metaforicamente, com os nossos muros diários e com, pouca probabilidade de serem derrubados.
É difícil aceitar que, de forma automática temos perante nós muros com funções negativas e com alta capacidade de anulação. São muros que nos dividem, distanciam, confundem,  abandonam e ainda nos dão dor.
Escolher estar de um lado é justo, mais que justo. É aceitar viver da forma que esse lado vive, respirar do modo como esse lado respira, amar à semelhança desse lado. É ou não justo? É! Somos seres com vontades próprias, direitos e deveres. Caso contrário, viveríamos sem causa justa, já nobre tenho dúvidas.
Não obstante a todas as semelhanças, espreitar o lado de lá não seria, de todo, incoerente. E não falo, duas vezes por mês, uma vês por ano, 1 vez de dois em dois anos. Falo mesmo, uma vez na vida.
Todas, mas todas as pessoas deveriam experimentar lados diferentes de vida, pelo menos uma vez enquanto haja coração forte.
Quem quer viver tranquilamente tem duas opções:
Ou esquece que existe um lado de lá ou espera pelos 70 anos de idade para espreitá-lo.
Quem sabe até, se aos 70 não comece a viver de novo? Até iniciava muito positivamente, pois ao derrubar um muro, o músculo fortalece, e a alma também.

M.C

O verdadeiro luxo.


Somos consequência do toque imensamente expressivo de uma relação humana entre homem e mulher.
Logo, e por este principio, ainda não temos qualquer contato com o mundo real, ficando apenas pelo quente e imaginária do ventre da mãe, e já estamos a estabelecer uma relação.
Nascemos e somos beijados, acarinhados e amados.
Depois gatinhamos, o chão é pisado pelos primeiros passos, andamos com toda a eficácia e, por fim, corremos.
Corremos pelas ruas, pelos parques, pelas salas de casa, pelos quintais completamente atabalhoados por lençóis de linho branco e, caso seja o momento, corremos para as brincadeiras de rua.
É na rua, como na escola e em casa que se criam as relações essenciais para  o desenvolvimento humano.
Não é novo isto que escrevo. Ou será?
É.
Dou por mim a conhecer indivíduos que negam de forma total e insensata o valor da escola. Esquecem-se porem, que se a criança não participar no envolvimento escolar, as notas e o não acompanhamento da matéria é de todos os fatores o menos fulcral. Deveriam talvez, memorizar que se não forem à escola, não irão aprender sobretudo como se constroem bases e rampas de acesso às relações.
O luxo nestes casos, é compreender através de dois para dois que, o Homem revela-se e espelha-se através do outro e do mundo. Se não houver outro, e se não existir o tal mundo, é deveras complicado rever-se e conhecer-se.
E olhem que um Homem desconhecido dentro de si, pode usar mil máscaras para se enquadrar e nunca o conseguir fazer.
Entramos nós, profissionais. Felizmente.
E se há casos de sucesso...! Com a máscara logo ali ao lado...quem diria.
Isto sim, é o verdadeiro luxo da vida. Encontrar caminho relacionando-nos.

M.C

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vizinho, importa-se de me dar salsa?



Ainda temos muito que pedalar, muito.
E pedalar afirmo eu, em dois sentidos que se cruzando em instantes, podem conduzir a novas, diferentes e estranhos pensamentos.
Vejamos o meu primeiro "pedalar": Crise maior a que Portugal eu nunca tinha vivido. É certo que a minha rica idade não permitiu conhecer outros anos antes da minha existência, como é óbvio. Mas eu? Eu nunca tinha sentido tal vazio agoniado do desconhecido. Não sei se o governo cai ou se fica lá muito bem direitinho. Não tenho ainda certeza fundamentada se a queda é melhor que a não queda. Isso eu não sei.
Sei apenas que não foi 1º ministro atual, Dr. Pedro Passos Coelho que pintou de negro o estado da nossa nação. Ela vem de longe, de muito longe. Quem causou? Porquê? O povo não tem culpa alguma? Não sei, e tenho certas dúvidas em algumas dessas questões.
Continuaria a abordar essas questões tendo como base uma simples pergunta (e tal não anula nem desculpabiliza a situação político - económica) que era mesmo esta: "Porque razão não vão às urnas, pelo menos 90% dos portugueses?). E eram tantas, e são muitas as questões duvidosas da minha cabeça, e porque não, seria este o primeiro pedalar?
O outro pedalar é diferente. Deveras e muito contrastante do que nós somos.
Cabo Verde, que hoje, dia 5 de Julho de 2013 comemora o 38º aniversário da proclamação da independência nacional. Somos completamente diferentes e não poderia ser de outra forma.
Por enquanto, apesar da crise violenta que atravessa os nossos mares, ainda temos água. Ainda temos pão. Ainda temos qualidade sanitária suficiente para despejar toda a porcaria que ingerimos. Ainda temos fogão, frigorífico, entre tanta coisa. Estamos, sem sombra de dúvida muito desenvolvidos e somos grandes portugueses reconhecidos em todo o mundo.
No entanto, há uma coisa que nós não temos e que eles lá, naquela ilha onde deixei parte do meu coração, têm: união.
Não somos um povo unido, na minha mera opinião. E isso, agora mais do que nunca nos irá fazer falta e será necessário para combater tropas difíceis. Por outro lado, também me questiono (mais uma vez):
"Se a própria Familia não se ama da forma mais adequada e ajustada, como poderão dar mão aos vizinhos? Como poderão todos os vizinhos pensar, refletir e procurar estratégias que combatam a tal tropa que nos governa? Não pode, e não consegue. E não vos falo em manifestações. Falo-vos apenas de dar um ramo de sala à vizinha. Será muito?
Ai! Assim pudesse eu desejar que tudo o que melhor têm os Cabo-Verdianos, nos pudessem dar. E nós, também poderíamos dar o que de melhor temos e somos. Era uma troca e uma união totalmente feliz.
Era um bom abraço.
E como eu gostaria de dar esse abraço....

M.C


quinta-feira, 27 de junho de 2013

José Maria Cortes, mais uma estrela brilhante no céu.



Falava no outro dia com uma pessoa sobre partidas.
Sentada no comboio de regresso a casa, pensei sobre a conversa e querendo desligar-me dela, não o conseguia fazer. Era então incontrolável.
Hoje seguiu para outro caminho o José Maria Cortes, cabo e forcado do Grupo Forcados Amadores de Montemor. Tinha marcada para Setembro, despir a sua jaqueta e abandonar o grupo. Não foi a tempo, partiu antes de tal acontecer.
Falei dele primeiramente, pois o triste e lamentável abandono ocorreu no dia de hoje.
Agora que também ele, é mais uma estrela no céu, falo-vos das outras.
E falo-vos das outras, porque me encontro sentada no centro do meu quintal a trabalhar e, olhando repentinamente para o céu, percebo que realmente elas são muitas!
Visualizo também que, existem umas mais brilhantes que outras (muito mais).
Penso de imediato para mim mesma: "São os jovens de coração grande e recheado de tudo, que já vi partir". Serão? São, claro que sim!
A família, que aproveito a deixa, para desejar a maior capacidade interna para controlar tamanha incontrolável dor, ficará para chorar a sua partida, assim como os amigos e companheiros.
Mas na verdade, quem perdeu foi o José, assim como o nosso Joka há meses atrás, foram os meus queridos jovens de Montoito, e meu Deus, todos com tanto caminho pela frente, todos com uma pele ainda para envelhecer e enrugar.
Sei que são eles, as estrelas mais brilhantes, e acredito também que são precisos para nos proteger cá na Terra, mas diria eu: Não estará já o céu demasiado brilhante?
São respostas difíceis, tenho completa noção disso.
São nestes dias, como foram há uns meses, e há uns anos também que questiono quase tudo.
Nunca irei questionar a existência de Deus, porque ele existe. No entanto, não quer dizer que, de vez em quando não possa ficar magoada e triste com Ele. Aliás, são com as pessoas que mais amamos que, por vezes mais sofremos e, ainda assim com todas as formas e plenitudes inconstantes continuamos a dar colo e amor.
E colo, neste momento tão delicado, são as pessoas que amam o José Maria que mais precisam dele.
Assim como outra família num outro lugar, que também ela possa ter perdido alguém neste dia tão preto, também ela deve ter amparo.

Um sentimento profundo a toda a família, aos amigos e a todos os forcados que com ele estão neste momento.
Não deve ser fácil, e nunca o será.
Dizem, sei lá, que só o tempo apazigua a dor. Mas até nisso, eu discordo.
Afinal, ele tem passado demasiado rápido que não permite sequer, manter a vida viva para vivê-la.

Paz ao José Maria Cortes.
Paz a todas as estrelas do céu, em especial às mais brilhantes.

M.C



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Acertar o relógio ao tempo.




Tempo. Palavra comum e pela qual tenho refletido alguma vezes.
Tem-me parecido que ele tem tido algumas boleias de aviões onde muito, mas muito rapidamente salta para o lado de lá. Sim, o outro lado menos luminoso e mais fugaz que este lado de cá.
Parei, apreciei o momento e fugi.
Bicicletas cobertas de lama dos campos de milho regados por águas de barragens vizinhas.
Ai aquela barragem, ai a minha bicicleta, ai  a saudade, ai o tempo! Ai o tempo que tanto me tem dado! Mas é maroto, vejam bem! Parece tão bem aquele cão que eu tive, que se deitava no tapete que dava à entrada da cozinha a resmungar mais doces! E eu dava, porque gostava dele e porque tinha pena.
Não sabendo explicar (e ninguém o sabe, acho), esse tempo passava tão lentamente que me permitia comer as filhas das minhas laranjeiras lá do quintal. Se eu passava tardes a comer laranjas..! E eram tardes tão grandes que, ainda brincava na rua, fazia os meus t.p.c's, via o Zorro, a Cinderela e o Dartacão!
Aí, o tempo não tinha sabedoria para fazer de mim e para mim o que mais lhe conviesse. Talvez, seja verdade, também não tinha a maturidade que hoje tem. Agora, tenha ele a maturidade que tiver poderia manter pelo menos uns segundos e uns minutos mais calmos de vida.
Temos tanto tempo, não temos? Para quê tanta pressa?
Bem, quer dizer, se calhar não temos assim tanto como julgamos.
Talvez, (e por certo será a maior certeza), o nosso tempo é cada vez mais curto. É cada vez menos tempo.
E é por isso, cada vez menos ele próprio.
Ainda assim, com pouco de si, ele consegue continuar a ser maroto.
Já não tenho as tardadas para comer as laranjas, só tenho umas horas para cumprir atividades de vida diária, tão fúteis por vezes.
Ainda que não saibamos o que nos espera amanhã, temos o direito de pedir.
Por isso, eu peço, quero e desejo.
Peço a mim mesma que viva, da forma que para mim mais me faz sentido.
Eu quero, respirar, trabalhar, amar e abraçar.
Eu desejo, que a minha memória nunca se esqueça que foi o tempo, seja ele quem for, que fez de mim a pessoa que sou.

Que em todos os nossos distantes, curtos ou longos caminhos, nunca nos esqueçamos que quando algo nos é dado, pode também nos ser retirado.
Resta-me dizer que, se as horas são efetivamente menores, nós teremos de ser superiormente melhores e mais eficazes para compensar os ponteiros.

Alegria, acima de tudo.
E alguns risos, que eles também curam muitas faltas.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O colecionador de corujas.


Francois de La Verdi , assim era o nome de um rapaz adulto que colecionava corujas.
A primeira da coleção surgiu, após ter ouvido o contar de uma pequena história na casa de uma senhora já velhinha (como ele a chamara), nos suburbios de Paris.
Não se lembrara lucidamente o número da casa nem a rua. Ficara nele apenas a imagem da senhora e da sala que serviu de palco ao momento. A senhora tinha um cabelo esbranquiçado e seco, que diluído a cada minuto perante a pele pouco enrugada que transportava. Aliás, demasiado jovial para a idade que parecia ter. Francois pensara de imediato que, sem sombra de dúvida, era mais uma das mulheres fã da cirurgia plástica, porque qualquer outro que fosse o argumento contraditório sobre a sua pele era, totalmente inválido. Achara ele, claro.
A sala. "- Ai a sala!" - suspirava Francois, prosseguindo: - "A sala era semi escura por culpa total do arquiteto que a desenhou. Sol, esse não faltava, muito menos janelas (e das grandes). Contudo, perante a fachada principal era visivel o muro bem cimentado que fora construído, propositadamente, de prevenção a um qualquer ataque animalesco, vindo não sei de onde e indo não se sabe para onde.", retorquiu.
Era esta a descrição fixa que se mantinha na sua cabeça, assim como a história que de tão curta, até o mais distraído e não presente a conseguiria não esquecer.
A senhora velhinha, sentada no sofá mais antigo da sala, disse nesse dia cinzento a Francois:
- "Meu caro pequeno indío, um dia verás que todos os bons presentes da vida serão de ti retirados, assim tanto quanto te um dia ofereceram. Irás rir, agradecer e aumentares parte da felicidade. No entanto, nunca te esqueças, que quanto mais te for retirado, mais terás. " Dizia a velhinha.
- "Mas, não pode ser! Então, se me dão uma caixa de bombons as 10h, e às 10h30 já não a tenho, como posso eu ter mais?" - questionava o rapaz.
- "Então é assim: quando te ofereceram os bombons, não vais perder tempo a saboreá-los. Isso é perder tempo, e tempo meu querido pequeno, é dinheiro. Escuta o que te digo, a primeira coisa que vais fazer é sentares-te um pouco, agarrares a caneta e uma folha e transcreveres a sua composição (quantas gramas de óleo, açucar, edolcurantes e tudo o que lá estiver exposto. E porquê? Porque 30 minutos depois podes dizer aos senhores, que te ofereceram os bombons mais saborosos que provaste até então. Na verdade, meu pirralho, tu não provaste foi nada de bombons, mas saboreas-te tudo o que com eles está relacionado. Podes chegar a casa e tentar fazer. Pode não ser fácil. Podes não ter açucar e ter de ir comprar. Também, é verdade que podes não ter dinheiro para comprar ou até mesmo a mercearia estar fechada. Mas na semana ou mês a seguir, tentarás de novo, e outra vez. E outra, e as que forem precisas. E vais conseguir, porque não te foi dado de imediato e tiveste que esforçosamente ir à busca e procura. No final, vais sentir que realmente todos os bombons terão outro sabor. O teu sabor. E isso, é único" - disse a velhinha
"Que giro! Mas da próxima vez, se eu provar um das caixas não deve haver problema!" - disse cheio de sorrisos Francois, ao que a velhinha respondeu logo de seguida:
"Há. Porque não deves querer provar corujas, ou queres?"
Francois, percebera logo que a senhora velhinha lhe tinha dado uma lição de vida. Se existem janelas, é para entrar a luz. Se existem máquinas é para quebrar muros. Se existe vontade, é para colecionar corujas que, com pouco ou muito ensinamento, nos promovem crecsimento pessoal e profissional.


A verdade é que, estou prestes a perder a minha caixa de bombons. Mas garanto-vos que fiquei com uma coruja bem abastada.

M.C

terça-feira, 28 de maio de 2013

Analfabetização psicomotora...será?


Pedir um café, sentar e ler um jornal.
Foi isto que me predispus a fazer antes de iniciar o trabalho delineado para hoje. Por norma, são raras as vezes que saio de casa directamente para o trabalho, pois prefiro alcançar um mediador para sair de um contexto e entrar noutro. Enquanto isso acontece, desfruto daquilo que a natureza me oferece, assim como locais que transpirem, nada mais nada menos que silêncio.
No entanto, e visto que o tempo meteorológico se encontra em minutos constantes de desequilíbrio acabei mesmo por pedir um café, sentar-me e ler um jornal.
Curioso, foi perceber que gradualmente as novas perspectivas técnicas e não técnicas que necessitam ser urgentemente (re)construídas, vão surgindo subtilmente, em capas de jornais.
Hoje, o Destak dizia, passo a citar "Crianças sem destreza - os mais pequenos estão a transformar em analfabetos motores (...). É preciso arranjar tempo para brincar."
Ainda que não seja uma informação positiva e idealista, sorri muito sorrateiramente.
E porquê? Porque tem sido uma das lutas da Psicomotricidade.
É urgente quebrar tabus e preconceitos. É necessário que se entenda que a brincadeira e todo o brincar tem objectivos significativos que, mesmo invisíveis eles estão lá.
É através da brincadeira " pai, mãe e filho" que a criança percepciona o mundo e o Eu que é, ou poderá ser.
É no jogo das "escondidas" e da "apanhada" que a criança se inter-relaciona e se conjuga com o mundo e com os outros, e por este motivo, adquire um adequado processo de desenvolvimento, tão fulcral para o futuro.
Não será apenas na escola que o deverão fazer. Aliás, seria precisamente no pós T.P.C que as brincadeiras deveriam surgir, ao invés de se sentarem frente a um computador a jogar aqueles jogos pelos quais todos nós passámos (ou passamos), numa determinada etapa de vida.
Pensando bem, e de forma muito sucinta, se já se torna difícil preservar amigos enquanto adultos (pelos mais variados factores), que serão destas crianças "enclausuradas" que nem amigos terão provavelmente para preservar?
E é por isso que, o Brincar é uma das formas mais autênticas, criativas e espontâneas de, atingir níveis profilácticos não atingíveis com outras estruturas. Ou seja, é um dos maiores pesos que, quando retirado da balança, provoca desequilíbrios psicomotores, psicossomáticos e psicossociais.
Se não queremos olhar para futuras pessoas fragmentadas, então elas hoje terão que brincar.
Brincar muito!

M.C

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Há ricos que não são tanto quanto os pobres. "Mr. PIP" Guiné-Bissau


- Dançar
- Ler
- Filmes
- História
- Portugal
- África
Escrever (fácil de acertar, por certo)

Acabei de enumerar, dentro das minhas altas escolhas, os interesses sentidos que tenho.
Sem conhecer África já dela gostava, depois ficou a mais pura admiração e curiosidade.
Acontece que, num dos momentos em que nos encontramos em processo de (re)avaliação e escolhas de caminhos (difíceis alguns), surgem-nos sempre pinturas cinematográficas que nos prendem e fazem render.
Quero voltar, apenas com o objectivo de, quiçá, estar presente neles por completo.
Quero sobretudo, crescer e amadurecer os ideais e os gostos que penso serem os mais indicados.
Sentir-me-ei feliz e grata pelo apoio que os meus me possam dar.
Dando a mão aos outros, dou o braço a mim inconscientemente.
E não, não é treta nem palavras ocas e todas bonitinhas.
São desejos e sonhos. E estes? Só existem quando neles acreditamos.
E com esta deixa finalizo esta simplicidade de troca de ideias e desabafos, ficando apenas ou tudo para dizer.
Mas prognósticos, só depois de ver o filme claro.
Regresse ou não, fica a frase: "Seremos tanto maiores, quanto menor for a ideia do não acreditar"
Espreitem  trailer:
http://www.tvi.iol.pt/videos/13876874

M.C



terça-feira, 21 de maio de 2013

Até já...!


Ainda que Primavera seja a estação, era um dia de Inverno bem definido como ele é.
Agarrava com as minhas mãos nada tranquilas o telemóvel para enviar uma mensagem, mas apercebi-me que tinha ficado sem bateria. Como sempre, demorei uns longos e terríveis minutos para encontrar o carregador que se encontrava escondido entre duas peças de roupa e uns livros que eu não arrumara. Parecia que queria brincar às escondidas, mas nem isso eu conseguia fazer.
Liguei logo à luz aquele que me poderia dar o balanço para aquilo, que eu não fundo não queria fazer: enviar a mensagem.
Olhei para o ecrã três vezes, e fechei o telemóvel. Voltei a abri-lo e fiz duas tentativas de texto. Desisti.
É-me difícil sempre, falar com quem não está ou está prestes a partir, principalmente quando sei à priori que devo transmitir a minha força para aqueles, que sendo nossos amigos, precisam dela.
Por breves instantes, decido desligar-me desse facto verídico e contínuo na minha rotina habitual.
É já outro dia. Levanto-me, tomo o meu sempre grande pequeno-almoço, preparo-me para sair e para mais um dia, voltar à rotina: esperar sinais verdes de peões, entrar no metro, sair do metro, esperar que todas as pessoas apressadas para o trabalho, corram incansavelmente as escadarias que dão ao piso superior das estações de metro e só depois eu subo. O stress não é para mim. Prefiro sempre sair mais cedo do que correr. Mas às vezes, se eu corresse eu não teria o tempo disponível e agradável como tenho. E eu não pensaria (como pensei) no que dizer na mensagem, que resumidamente se restringiu ao nada.
Sim, eu não escrevi nada.
À Sara, uma guerreira e uma força da natureza exemplar, eu apenas liguei no dia em que pisou Portugal. Como? Onde? E quando? Foi a sintonia alcançada por nós, e aquilo que foi possível de ser dito.
Não foi fácil encontrá-la no local combinado, mas depressa ouvi o seu grito: "Estou aqui, Guidaaa!". Estacionei o carro, saí e abracei com tanta força quanto pude. Esta era a mensagem, que eu queria ter escrito, mas compreendi que estes abraços não têm tradução possível.
À Marta, uma mulher que discretamente eu consegui dar os meus laços e que, perdidos em ocasiões nada especiais, foram restaurados em absoluto, eu posso dizer que confundi os dias da sua chegada. Não obstante a essa minha falha, já tenho a lição estudada. Vou abraçá-la e escutá-la. Não sei se, caso ela precise de algo mais, eu lhe poderei dar. Não sei se terei todas as virtudes para compensar a distância entre Alemanha e Portugal, e para fazer enriquecer uma hora em que nos possamos lembrar dela por mais uns largos meses. Agora, ela poderá ter completa certeza que, naquilo em que eu sou melhor, eu serei ainda mais sem erros alguns. Nisso, ela sabe que poderá sempre contar.
Entre Angola e Alemanha, meses e meses, mensagens e faltas de bateria no telemóvel, eu saberei sempre, assim como elas também, que estou cá como sempre estarei. Que despedidas serão sempre um "até já". E que, provavelmente, não lhes enviarei tantas mensagens como queria, porque a principal é dada cá, em silêncio. E será sempre em silêncio que direi o "até já". Por palavras, não conseguimos dar a coragem de quem tanto precisa dela, quando mais uma vez, entra no avião e parte para o outro lado.
Elas são um exemplo. E eu, como toda a sua família e a restantes amigos, estaremos cá para assistir alegremente ao alcance do seus sonhos.
Até logo Sara!
Até já Marta!

M.C

sexta-feira, 17 de maio de 2013

18 de Maio - Dia da Luta Antimanicomial!



Será o passado uma história distante? 
Diria que o presente prepara-se agora para um novo e cada vez melhor futuro. Entre uma coisa e outra, existem milhões de histórias para contar.
Felizmente, não nasci na época em que amarravam os utentes, identificados por "gatistas", em coletes de força com o objectivo de anular os seus comportamentos totalmente desajustados, desorganizados e extremamente violentos. É certo que, o desenvolvimento da medicina assim como o da indústria farmacêutica, estava em ponto morto. 
Sabemos também que, os loucos do manicómio realizavam a sua higiene pessoal juntos, com jactos de água uniforme e desprendida de qualquer adereço emocional. Sabe-se também que, o que vestiam não se diferenciava por cada um. Eram todos iguais: batiam com as cabeças, mordiam-se, gritavam e exactamente por estas razões, nunca lhes retiravam os braços cruzados perante o peito magro e esquelético.
Apesar de duro e cruel, este foi um percurso marcado por verdadeiras amarguras e pensamentos radicalistas.

O passado é mesmo já uma história distante, ainda que poderá e deverá sê-lo cada vez mais.
Hoje, não existem loucos, existem pessoas. 
Hoje, o manicómio foi substituído por unidades de apoio à pessoa com experiência em doença mental, de forma a possibilitar que todo e (qualquer um especificamente), possa construir o seu próprio projecto de vida. 
Se a Diabetes Mellitus, sendo uma doença metabólica caracterizada pelo aumento anormal de glicose no sangue, e acarretando inúmeros efeitos negativos nos pacientes que dela sofrem, não é olhada como algo de diferente, porque será então a Esquizofrenia, por exemplo?
Um diabético anda na rua e ninguém o discrimina. E a um esquizofrénico porque o fazem? 
Segundo o senso comum e algumas das respostas que fui encontrando, o estigma mantém-se pelo medo de uma possível alteração comportamental. Será? E se de repente os nossos olhos vissem com clareza cobras gigantes presas nos nosso pés? Eu por exemplo, saltava para cima de um mesa e gritava. E vocês?
Contudo, é sempre relevante perceber que, um policia tanto pode matar quanto um pescador, e nunca estaremos salvos de responder agressivamente a algo que algum dia nos posso proporcionar fúria.
Somos diferentes. Todos! E dessa forma, teremos todos respostas distintas, assim como objectivos e interesses. 

Enquanto Psicomotricista, tenho o maior prazer em trabalhar (com/para) pessoas com doença mental, sabendo de antemão que a Reabilitação não passará apenas por nós técnicos, mas pela comunidade e na aceitação da psiquiatria como mais uma especialidade do hospital. Afinal, é isso mesmo que é, uma especialidade, com as suas próprias especificidades, muitas vezes surpreendentemente positivas. 

Digam não ao estigma e à desvalorização do doente enquanto pessoa.
Afinal, eu não sou menos por ter uma dor de cabeça, assim como uma nota de 10€ que mesmo amarrotada tem sempre o mesmo valor.

Finalizo, agradecendo a todos as pessoas que contribuem para a sua integração numa rotina de padrão-normal considerável, principalmente às próprias pessoas com essa experiência pessoal directa.

M.C


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Anti- Benfica ou Anti-Portugal?




Não sou uma verdadeira Benfiquista.
Não tenho o cachecol, não vou aos jogos, não vejo na televisão a maioria deles, e nem grito nas ruas quando ele ganha, é verdade.
Também é verdade que, não fico com irratibilidade facilmente, assim como mantenho a minha capacidade de resiliência bem ajustada no seu espaço próprio

No entanto hoje as minhas capacidades não permitiram esse equilíbrio por 3 razões:

  1. Educação
  2. Inteligência
  3. Crise 

Passo a fundamentar:

  1. Educação porque dela fazem parte atitutes que nos modelaram em algum momento de crescimento na nossa vida que, ainda que possa ser modificada pelo impacto social negativo/positivo a que nos predispomos e aceitamos passivamente, ela pode ou não existir. Por exemplo, faz parte da minha educação, respeitar as leis existentes acerca dos critérios de admissão para um cargo político em Portugal, ainda que não os aceite. Educamente, posso também escrever no "livro de reclamações" sem chamar vaca à funcionária que me atende. Educação é sim, perceber a raça negra é diferente da raça branca e que as duas podem morar no mesmo bairro, assim como o  Benfica e o Sporting, que por exemplo, são dois clubes portugueses que disputam os mesmos títulos todos os anos, treinando para eles onde? Em Portugal. 
  2. Inteligência pelo facto de todo e qualquer adepto (e para os menos inteligentes: para os adeptos de todos os clubes de futebol portugueses), não consigar entender que a provocação para o Benfica que aconteceu neste final de Campeonato Europeu é sinónimo de provocação a Portugal. Logo, façam.-me o obséquio de entender que nada mais é do que o Zé Povinho gozar com ele próprio.
  3. Crise, porque começo a acreditar que os valores éticos e morais andam a ter encontros secretos e intimos com a crise económica, que ao invés de se ir deitar para um quarto bem longe daqui, quer um cada vez mais perto. Os portugueses ao invés de trabalharem um pouco a educação, e a inteligência (caso seja possível), andam a dar lençóis lavados à cama onde se deitam as" Crises". Depois, não vai haver stock  para o Zé Povinho pedir emprestado.
O Benfica hoje perdeu novamente, e isso entristece de facto.
Não obstante a esta situação, entristece-me ainda mais perceber que se os Portugueses estão de costas voltadas uns para os outros, então assim é que o Zé Povinho nunca mais irá comprar lençois novos, a não ser claro que os vá pedir ao Chelsea.

  Esta foi a primeira crónica que fiz sobre futebol. Gostaria de não escrever mais nenhuma.



domingo, 12 de maio de 2013

O desaguar de um rio em movimento.



Enquanto Psicomotricista (que para caso do desconhecimento da profissão, e se tiverem alguma curiosidade podem aceder na coluna do lado direito do blogue, depois clicar em "capítulos"  e seguidamente no ano de 2012, que logo irão perceber o que sou, o que somos e aquilo que fazemos para as pessoas, ainda que através delas, sempre.

Reformulando a questão (que por vezes é importante para a compreensão de assuntos sobre os quais nem reflectimos), enquanto Psicomotricista procuro sempre encontrar no outro a origem, de um rio desaguado num lugar desconhecido ou até mesmo adormecido, que nos possa levar ao encontro de outros rios e outros mares.
Metafóricamente falando, sabemos que o rio Guadiana nasce nos Ojos del Guadiana em Espanha, e desagua entre a cidade portuguesa de Vila Real de Santo António e a cidade espanhola de Ayamonte, porque em tempos foi observado, estudado e comprovado tal situação.
Acontece o mesmo conosco, com todos nós: os que têm experiência directa na saúde mental, os que participam como observadores nessa mesma experiência e os que não sabem o que dela é sujeito, ainda que possam ouvir falar dela nos media.
Quero eu dizer com isto o quê?
Que só conhecendo afincadamente o nosso corpo podemos em absoluto usufruir dele, só sabendo e vivenciando o conjunto total das nossas mãos e dedos poderemos saber que através deles as pinturas surgem, ou as peças de barro pintadas com a alma aquecida de contentamento de outrém.
Assim, a nascente do rio será a descoberta sobre mim, sobre o meu Eu, a viagem até ao fim serão as minhas experiências e vivências adquiridas ao longo do processo de desenvolvimento, e nas minhas peças de barro eu desaguo para um e mais valioso patamar (assim o deseja qualquer um).
É relevante que toda a comunidade perceba que, se o rio não controla adequadamente a sua movimentação é porque na nascente houve algo incontroverso e longe de uma compreensão possível. Apesar de tudo, não é sinónimo de que o mesmo chegue brusco e desague desajustadamente pois não?
Então, é um ano bom de começarmos a acreditar que o rio pode chegar calmo e tranquilo, ainda que com um percurso brutalmente atribulado.
Estamos a tempo de não culpar nem estigmatizar.
É hora de cuidar e de amparar (com ou sem braços).
É por tudo isto, e mais mil razões que vos digo enquanto Psicomotricista, que o facto de não sabermos para que servem os pés, não significa que eles deixem de existir.
A nossa existência é, e sempre será fruto da capacidade de auto-conhecimento de um todo, através da sua movimentação constante.
Se a Terra não se movesse, alguns de nós nunca olharíamos o Sol.
Movimenta-te tu também!

M.C





sexta-feira, 10 de maio de 2013

Os retornados de hoje.



O amor-ódio existe. 
Detestava estudar a disciplina de História, mas adorava saber tudo o que ela nos tinha para contar.
Foi sempre uma paixão, que até então se tinha mantida bem quieta no seu lugar, até à bem pouco tempo, não fosse um despertador feio e rabugento que me fizesse acordar para ela.
A crise tem mudado os meus pensamentos em várias valências. A história, a Nossa História, a História de um povo chamado Português tem movido em mim fontes e janelas para um outro lado do cais.
Ainda que numa outra era, com valores muito distintos, com leis completamente firmes e antagónicas, um outro despertador também tocava. 
Hoje, acordamos com total desconhecimento do dia posterior, ainda que nos permaneça algumas vezes, um sentido apurado de luta, persistência e liberdade, e por essa razão, acabamos por acreditar sempre em alguma coisa, nem que seja, uma pequena manutenção anual de um automóvel.
No ontem, as pessoas também acreditavam que a realidade (e bem fundamentada pelo que se sabe), era a de uma vida rica e cheia de momentos prazerosos de altas rodagens. Mas como em toda a roda, ela fez marcha-atrás, e eles ainda que incrédulos voltaram. Retornaram.
Sim, falo dos Retornados. 
Sim, sei que ao falar-vos deles ou de si (caso o seja), falo de feridas profundas e nunca saradas. 
Não irei descrever sentimentos e remorsos porque não estava cá para contar o quão difícil foi abandonar um sofá onde se sentavam todos os dias a conversar sobre as noticias (algumas atrasadas) chegadas de Portugal. Não sei como foi difícil dizer adeus aos que, pior ou melhor, nos davam  pequeno-almoço diariamente, e que durante anos tiveram que prestar vassalagem a nós. Uns mereceram-na, não duvido. Outros nem por isso. E tudo isto é dito por mim, que desconheço aquilo que apenas conheço nas páginas dos livros de História que eu detestava ler, e que agora voltei a abri-los.
Passou pouco tempo, mas precisei de os reler. Necessitei de confirmar o que fomos, e o que já não fazemos. O que fizemos, e o que já não somos. Senti um terrível e inacabado desejo de entender que tudo isto não passa de uma roda, de um círculo ou de outra coisa qualquer que se possa denominar, e que se caracterize por algo que foi, e voltou.
Nós fomos, conquistámos, abusámos e perdemos. Ao descolonizar o que nos pertencia, descolonizá-mo-nos a nós mesmos. 
Agora, e de boca segura digo (porque vivo) este instante desorganizado, a crise além de ter chegado ao país, bateu-nos à porta do quarto, onde estávamos tranquilamente a tentar amarrar o sono, que até esse nos tem faltado.
Agora quis o destino, que nós portugueses voltássemos a sair, com a diferença de habitar colónias de outros (mais espertos que nós? Sim. Mais inteligentes? Não.)
Futuros retornados?
.....
Talvez, mas para onde?

M.C


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sei? Não.




Hoje o dia está envolto neste pensamento.
Será mesmo a minha estudada fundamentação ou o analfabetismo de entendimentos dos demais?
Pois....

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Escolhas (in)correctas.



Pensava eu, na minha tão grande e cada vez mais diminuta inocência, que toda e qualquer imagem, paisagem ou momentos que transbordam todo e qualquer sentimento, apenas seriam considerados isso mesmo quando todas as peças se reunissem e se conjugassem. Ainda que algumas com menos capacidade de resiliência que outras, eu considerava esse quadro como um dado adquirido.
Lembro-me, por causa deste assunto talvez, de uma situação muito peculiar que me aconteceu há já alguns anos (felizmente ou não, tenho uma excelente memória de longo-prazo), onde inesperadamente uma pessoa extraordinária me disse : " O crer em Deus é muito relativo. Há pessoas que pensam viver sem ele, e vivem porque não acreditam. Há outras que constroem diariamente um percurso de agradecimento a tudo o que nos fez. Depois há aquelas que não sabem bem no que acreditam. E por fim, existem as pessoas como tu."
Passaram dias desde essa última conversa, que inacabada ficou por terminar. E como tudo o que não sei pergunto (às vezes até 3 e 4 vezes), fui ter com essa pessoa e pedi para me caracterizar o último grupo de pessoas, da qual não tínhamos falado e onde eu estaria incluída.
"Minha querida, tu crês em Deus, como ele crê em ti. Mas respondendo à tua pergunta, fazes parte do grupo de pessoas que utiliza a fé e confiança para chegar até Ele, mas não aceitas que Ele chegue até ti."
Confesso agora, que toda aquela resposta era demasiado profunda para eu a entender. Esforcei-me, pensei inúmeras vezes sobre isso, até que desisti.
Hoje, e assim repentinamente, todo esse grande momento saltou do baú da minha memória, num lugar normal, numa hora comum e rodeada de pessoas naturalmente esquivas.
É verdade sim, nunca quis que Ele chegasse até mim, porque sempre desejei que Ele chegasse até aos outros, principalmente, àqueles que gosto e venero ansiosamente, pois pensava eu, se eles estão felizes eu também estou.
Mas não, enganei-me. Felizmente, o processo de amadurecimento de vida adulta traz-nos estes percalços e estas formas distintas de visualizarmos o mundo.
É verdade, não é que me enganei mesmo?
Os outros podem até estar a transpirar sorrisos e eu não.
Os outros até podem considerar que o melhor é vestir roupa limpa, e eu achar que deva vesti-la suja.
Os outros até podem considerar que estendo a minha mão de vez em quando, e eu dou todo o meu corpo todos os dias.
Os outros têm o direito da sua opinião, assim como eu também.
Os outros têm o direito de serem felizes, assim como eu.
Os outros existem, assim como eu também.
E se os meus caminhos incomodarem, eu depressa agarro nas malas e já agora, numa máquina fotográfica, e vou. Vou sem olhar para trás. Vou tirar imagens aos meus sorrisos e a todas as minhas alegrias. Ainda que muito diferente sejam as minhas escolhas, são minhas.
As malas estão prontas, a máquina também. Só ainda não estou eu.
Mas quando esse dia surgir, que ninguém duvide que eu vou.
Só não sei se voltarei....

M.C

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sôdade.








A temperatura era quente e seca. Alguns dias o sol aparecia com mais intensidade, noutros andava escondido. A água do mar era transparente, límpida, um azul marinho como vemos nos grandes filmes, e além disso, era quente.
Quente também, eram as pessoas e os seus sorrisos (uns mais controversos que outros, como no resto do mundo, é certo), mas aqueles com quem pudemos falar, esses eram sinceros e transparentes.
As mesas, o quarto, os salões, os bares de Santa Maria, as casas, as cores, os caminhos, as mercearias davam um espelho completo de que África era ali mesmo. Tão diferente e tão semelhante a todas os outros povos do mundo. Tão bonita e triste, tão inspiradora e desgastante, tão adulta e ao mesmo tempo tão embrionária.
Agora e depois te vos ter contado, mesmo que em poucas palavras a imagem daquela ilha tão pequena, conto-vos também a experiência.
Fomos para descansar, comer bem e desfrutar de uns dias de paz e tranquilidade, sem quaisquer meios de comunicação que pudessem interferir com o nosso tão intenso momento. E aconteceu exactamente isso.
A questão que aqui vos quero abordar, foi o facto de a ilha nos ter dado todas essas regalias, mas inconscientemente e de uma forma espontânea, acabou por nos da mais. Muito mais.
Deu-nos ensinamentos e perspectivas completamente diferentes das nossas.
Coisas simples, aliás, sempre coisas simples: sorrisos, abraços por exemplo. Nós temo-lo sempre que possível, mas eles têm esses confortos presentes minuto a minuto.
Dançam, dançam e dançam.
Não quero com isto dizer, que coisas menos positivas não existe naquele lugar, porque também as há, mas não me cabe a mim julgá-las. Pelo menos, eu não quero. Bastou-me o conhecimento e a reciprocidade inerente a todos eles que, querendo ou não, aceitando ou não, nos fez ficar pequenos.
O Sal ficou marcado, sem sombra dúvida pelas razões mais importantes e especiais da minha vida.
Voltarei por mim. Voltarei por nós. E voltarei ainda para abraçar um irmão que lá deixei.

Pisado o chão de Portugal percebi que o meu Self tinha mudado.
Percebi que tinha gasto o dinheiro que juntei durante meses naquela ilha, e que por esse motivo fui pobre e regressei muito rica.
Percebi ainda que, embrionários somos nós que ao invés de discutirmos a falta de afecto, discutimos a falta de tempo para ele. Se argumentos, claro.

Foi um dos caminhos mais belos que fiz até hoje, e porque não o fiz sozinha, e porque também é imprescindível e urgente gritarmos o amor que sentimos uns pelos outros, agradeço ao Canaverde, meu homem de vida, pelos risos, pelos brindes, pelas danças até altas horas, que se prolongavam sempre até aos 7 barcos, o sitio mais bonito daquele lugar.
Um obrigado muito forte também, ao meu querido amigo e irmão Jaime. És e serás sempre da nossa família. Longe, mas perto, até porque : Num mund tom grend am otcha pessoas d lute. Am otcha un irmon q precs ter mesma sengue! 

BIJIM CO SODADE!!!

M.C





sexta-feira, 12 de abril de 2013

E por falar em Caminhos.....





Hoje li mais uma crónica do Psicólogo Eduardo Sá, que de uma forma brilhante tem a capacidade de adquirir um processo terapêutico transparente tal, que nos "acede" às emoções sem nos apercebermos.
Recomendo a sua leitura: http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/5808-nunca-perguntes-o-caminho, principalmente àquelas pessoas cujo coração é um espaço ligeiro, condensado e aconchegado de generosidade aparente (porque a ternura pode sempre desabrochar numa flor em tempo desajustado, é verdade). Gosto especialmente desta crónica, porque de forma imediata a associei a vários episódios da minha vida:
- O caminho onde aprendi a dar os primeiros passos;
- O caminho que percorro;
- O caminho que gostaria de caminhar confortavelmente, daqui a anos futuros;

Falo-vos, em primeiro lugar do que fui: uma criança como outra qualquer que brincou, brincou muito e que por coincidência ou não, teve a possibilidade e a felicidade de manter as memórias primárias e de longo-prazo intactas! Sim, lembro-me de quase tudo, e pouco me escapa. Fui feliz, tanto quanto sou. Fui feliz, tanto quanto foram mais uns milhões de crianças, agora adultos feitos e com toda a certeza, com milhões de perspectivas diferentes. E ainda bem! Apesar de tudo, o caminho outrora percorrido permanece! Não sou nada de acordo que o que foi é passado, e que o importante é o futuro. Não sou, pois eu não estaria a escrever agora e aqui se não tivesse tido um processo de aprendizagem escolar. E eu não teria um processo de aprendizagem sem que os meus pais cumprissem com o dever de cuidadores. E eles, não cumpririam esse papel se eu não tivesse nascido. Eu sou hoje, porque um dia fui alguma coisa em algum lugar, e espero, acima de tudo, um dia ser pelo menos metade do que fui. E olhem que metade de uma tamanha felicidade já seria inexplicavelmente bom!
Agora, e respeitante apenas ao agora? Parece-me ser este o caminho, mas como diz Eduardo Sá, o melhor mesmo é nunca perguntar-mos qual o melhor, porque assim nunca nos iremos perder!
E olhem que caminhos perdidos são bem difíceis de se (re)verem, pois não há volta no relógio lá de casa.
É seguir em frente, sempre!
Se fica algo para trás? Fica sem dúvida alguma. Mas as verdadeiras barreiras da felicidade, têm por norma capacidade de se auto-focarem. E se elas se mantiverem é porque, certos caminhos não foram bem escolhidos. Ou foram, mas não conseguiram co-habitar neles.
Um ser humano para ser feliz, terá sempre que se resolver primeiro. E se não está resolvido (por motivos óbvios e concretos), ou é porque não quer ou porque não sabe.
Neste ponto de situação, é sempre preferível ser a primeira opção, porque se for a segunda, não conhece o seu caminho, pelo menos o seu primeiro caminho, e os seus primeiros passos.
Na verdade, eu própria estou no caminho certo, faltando-me apenas mais uma companhia para o percorrer, que não a tendo, como é o caso, também não estou resolvida.

E por falar em caminhos, que ao menos o sol vá espreitando de vez em quando e nos dê, a todos nós, energia para suportar a falta de sinalética que poderemos encontrar.
Não esquecer que quanto mais nos permitiremos a perder, mais nos achamos, e porventura, maior amor temos para dar. Quem não dá, irremediavelmente ainda não se perdeu pois ainda não achou o seu caminho.

Dedico especialmente ao Dr. Eduardo Sá, que não sabendo que eu existo, faz parte do leque de profissionais que acompanho em (re)aprendizagens constantes.

M.C




quinta-feira, 4 de abril de 2013

It´s true! Há Arte gratuita em Portugal!



A crise está de passagem por Portugal, e está para ficar uns bons tempos.
Só não sei se irá visitar todas as casas de todos os Portugueses, quer dizer, até sei. Não visita, não! Até porque nem tempo tem disponível para estar com todos. Não o reparte, não tem capacidade para geri-lo e muito menos para organizá-lo.
Se assim fosse, além de bons governantes (e não bons políticos, que é uma definição diferente, ainda que se possam cruzar), talvez nem a crise estivesse tão instalada e desse continuidade para outro lado! Que se afogasse no oceano Atlântico, porque não?!
Apesar de tudo e de todas as contrariedades, nem tudo se restringe a copos de amêndoas amargas e aguardente! Também temos, sumos de laranja natural. Melhor: Também temos sumos de laranja natural gratuitos, pelo que todos deviam aproveitar (enquanto assim se mantêm).
Falo-vos do Museu Colecção Berardo: http://pt.museuberardo.pt/.
Arte moderna e contemporânea, em Lisboa e de entrada gratuita que (apreciando pouco ou muito), todos deveriam visitar, mais que não fosse para diminuir o sentimento brutalmente negativo de tudo o que nos rodeia e da escassez da utilização de recursos na comunidade. Eles existe, e este é um deles.
Realismo Traumático foi a minha secção favorita, mas poderá ser odiada por outros. Gostos são gostos e nunca se discutem.!




terça-feira, 2 de abril de 2013

Inspira-se sol, expira-se ar.



Perco-me na minha própria respiração. Perco-me e não me quero encontrar de tão agradável é a sensação de tranquilidade e paz. Não a tenho todos os dias, nem era normalizado ser de outra forma, mas hoje encontrei. Encontrei-me, ainda que me possa perder amanhã, hoje encontrei-me.

E estes encontros acontecem sempre, quando me apercebo e reflicto nos caminhos que faço, caminhos esses pisados em agradáveis e subtis movimentos. São sempre eles que nos dão a melhor e mais correcta percepção do nosso Eu. E não, não nos são dadas facilidades de busca, temos de investir, percorrer, dar um passo em frente e dois para trás, mas sempre em movimento, connosco, com os outros e com o mundo.
Ainda que precisaremos do amor e do carinho fiel dos que nos rodeiam, é urgente que, façamos consultas de rotinas a nós. Afinal, já éramos nós antes de ser. Já existiam caminhos feitos e rebocados ainda nós estávamos a ser amamentados. Pensando bem sobre este assunto, todos nós precisamos de algum silêncio para sermos quem pensamos ser. Ou mudar, caso nos for dado pelo subconsciente uma palavra reforçada, mas sempre no silêncio e a sós com o nosso corpo (que é tão nosso).
Descobrir através do pensamento e do toque, que existe uma pele.
Sim, a nossa pele. O nosso mundo. As nossas escolhas. Os nossos medos. As nossas fantasias. Os nossos sonhos. O nosso amor (que não cabendo no coração deverá ser repartido), os nosso pés que nos sustentam horas, dias e anos a fio. E sim, os nossos caminhos, que nem sempre conseguimos escolher. Serão os olhos que não vêm ou o tempo cinzento que não permite? Talvez. o último, não sei.
Mas, o ano tem 4 estações e estamos na Primavera.
Agora questiono: se a Primavera deveria ter sempre dias bons e não os tem, porque teremos nós que pesar com dias ruins?
Felizmente, hoje a Primavera deu-nos o seu sol e a sua luz, onde caminhei silenciosamente num movimento tal, que fui obrigada a entender que sou feliz. Faltam-me coisas ainda, muitas coisas aliás.
Tantas quantos os anos de passos que quero dar. Afinal, quando o sol espreita até perdura. Cá o espero, outra vez. : )

M.C

quarta-feira, 13 de março de 2013

Que a chuva nos dê sempre 10 minutos de vida.





- "Eu por cá ando, e enquanto assim é, tempero os meus dias com tons que nem eu sei que existem quando do nada surgem" - dizia o João.
E era a este João que lhe perguntavam, todas as manhãs à chegada do trabalho, o que queria ele afinal da vida. Sim, porque andar por andar qualquer um o consegue fazer, ainda mais quando não tem motivos para parar e para ficar.
A verdade é que, segundo ele, caminhava e lutava para que não existissem nenhum dia, nenhum mesmo, para fazer nada. Sim, ele queria era fazer coisas!
Além do trabalho diário (semanal felizmente), tinha sempre os dias todos preenchidos:
Na 2º e 4f tinha o jogo de futebol com os amigos lá do bairro;
Na 3ºf era o dia de, religiosamente ir ao ginásio, porque faz bem ao corpo, porque faz bem a mente e porque é moda.
E não querendo enumerar outras tantas actividades e eventos magníficos em que participava alegremente, ele ainda era sócio de uma famosa discoteca que, dizia ele, estava a passar pelos panos da crise.
A única questão, aquela que lhe perguntavam todos os dias no trabalho nunca chegou a ser respondida, até um dia.
Aliás, para tudo (pensam os ditos génios), há uma primeira vez. E ele não foi excepção.
Era uma tarde fria de Inverno, gelava que nem com a força maior e mais quente do ar condicionado o carro queria aquecer. Depois, para piorar começou a chover que Deus mandava.
E mandou mesmo. Mandou tanta chuva que não foi possível sair do carro naqueles 10 minutos.
Mas foram, com toda a certeza os melhores e mais proveitosos 10 minutos da vida dele, não fosse a colega ter perguntado (mais uma vez e em tom de brincadeira) :"Afinal o que queres da vida tu pah?!"
E muito seriamente, o João respondeu:
- "Quero pedir perdão aos que faço sofrer, resolver as questões não resolvidas, ir ao médico para perceber se ele ainda me conhece, marcar um encontro com os amigos, visitar a família, visitar o gato do meu irmão, dar um beijinho à minha avó, e já agora, parar pelo caminho e pensar qual a razão de ainda não o ter feito."
- "Mas porquê, é difícil?"
- "Porque não quero ter tempo para perceber que, afinal de contas ando a perdê-lo"
Infelizmente, ele assim continuou até ao dia em que tempo já não tinha mesmo, para poder abraçar quem mais queria.

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Só não entendo, enquanto pessoa que tenta ter algum cérebro (ao menos esforço-me), porque tem de existir o irremediável quando remédios há para tudo, ou quase tudo talvez....!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia de (algumas) Mulheres...!





Hoje é dia das Mulheres. Quer dizer, de algumas mulheres.
Tenho pena e entristece-me que, em tempos que se constroem robôs, que se descobrem novas e terríveis armas de guerra, que uma mulher consiga decidir sobre si própria e talvez, mudar de sexo porque sempre quis ser homem, continuem a existir locais na (nossa) Terra que nem os olhos de uma mulher (possivelmente mais bonita que outras que enumeram as plásticas ao rosto todos os anos) é possível de se olhar!
Eu até continuaria a descrever tudo isto, mas até agora e neste preciso momento recuso-me a fazê-lo, enquanto o mesmo tema não for transversal no resto do mundo.
E já agora, que estamos em tempo de crise, o Homem deveria pensar em (re)utilizar as burcas para, sei lá, limpar o cérebro daqueles que acham que uma mulher é nada mais nada menos que uma pessoa sem direitos, brutalmente cheia de deveres e sem valor algum.
Às outras, como eu, façam por serem felizes sem futilidades, já agora.

1 beijinho a todas as mulheres, em especial às que muito fazem por manter este Planeta (meio) sã.



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Obrigada equipa maravilha!



Quanto mais os dias passam, mais eu me recordo de vocês!
Lamechas? Humildade? Saudade? Não sei bem como e se se caracteriza.
Agora, que uma coisa fique muito bem definida: eu nunca esqueço quem me fez bem e muito menos quem, algum dia, num local qualquer, me ensinou algo.
Afinal, seremos sempre parte do que nos foi dado, e por isso eu retribuo, como espero sempre fazer.

E como estamos em crise, é com este simples texto que vos agradeço, aguentem-se!!! =D

Beijinho muito grande às duas, e mais um para o Carlitos!!

"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."   in o Principezinho