segunda-feira, 3 de junho de 2013

O colecionador de corujas.


Francois de La Verdi , assim era o nome de um rapaz adulto que colecionava corujas.
A primeira da coleção surgiu, após ter ouvido o contar de uma pequena história na casa de uma senhora já velhinha (como ele a chamara), nos suburbios de Paris.
Não se lembrara lucidamente o número da casa nem a rua. Ficara nele apenas a imagem da senhora e da sala que serviu de palco ao momento. A senhora tinha um cabelo esbranquiçado e seco, que diluído a cada minuto perante a pele pouco enrugada que transportava. Aliás, demasiado jovial para a idade que parecia ter. Francois pensara de imediato que, sem sombra de dúvida, era mais uma das mulheres fã da cirurgia plástica, porque qualquer outro que fosse o argumento contraditório sobre a sua pele era, totalmente inválido. Achara ele, claro.
A sala. "- Ai a sala!" - suspirava Francois, prosseguindo: - "A sala era semi escura por culpa total do arquiteto que a desenhou. Sol, esse não faltava, muito menos janelas (e das grandes). Contudo, perante a fachada principal era visivel o muro bem cimentado que fora construído, propositadamente, de prevenção a um qualquer ataque animalesco, vindo não sei de onde e indo não se sabe para onde.", retorquiu.
Era esta a descrição fixa que se mantinha na sua cabeça, assim como a história que de tão curta, até o mais distraído e não presente a conseguiria não esquecer.
A senhora velhinha, sentada no sofá mais antigo da sala, disse nesse dia cinzento a Francois:
- "Meu caro pequeno indío, um dia verás que todos os bons presentes da vida serão de ti retirados, assim tanto quanto te um dia ofereceram. Irás rir, agradecer e aumentares parte da felicidade. No entanto, nunca te esqueças, que quanto mais te for retirado, mais terás. " Dizia a velhinha.
- "Mas, não pode ser! Então, se me dão uma caixa de bombons as 10h, e às 10h30 já não a tenho, como posso eu ter mais?" - questionava o rapaz.
- "Então é assim: quando te ofereceram os bombons, não vais perder tempo a saboreá-los. Isso é perder tempo, e tempo meu querido pequeno, é dinheiro. Escuta o que te digo, a primeira coisa que vais fazer é sentares-te um pouco, agarrares a caneta e uma folha e transcreveres a sua composição (quantas gramas de óleo, açucar, edolcurantes e tudo o que lá estiver exposto. E porquê? Porque 30 minutos depois podes dizer aos senhores, que te ofereceram os bombons mais saborosos que provaste até então. Na verdade, meu pirralho, tu não provaste foi nada de bombons, mas saboreas-te tudo o que com eles está relacionado. Podes chegar a casa e tentar fazer. Pode não ser fácil. Podes não ter açucar e ter de ir comprar. Também, é verdade que podes não ter dinheiro para comprar ou até mesmo a mercearia estar fechada. Mas na semana ou mês a seguir, tentarás de novo, e outra vez. E outra, e as que forem precisas. E vais conseguir, porque não te foi dado de imediato e tiveste que esforçosamente ir à busca e procura. No final, vais sentir que realmente todos os bombons terão outro sabor. O teu sabor. E isso, é único" - disse a velhinha
"Que giro! Mas da próxima vez, se eu provar um das caixas não deve haver problema!" - disse cheio de sorrisos Francois, ao que a velhinha respondeu logo de seguida:
"Há. Porque não deves querer provar corujas, ou queres?"
Francois, percebera logo que a senhora velhinha lhe tinha dado uma lição de vida. Se existem janelas, é para entrar a luz. Se existem máquinas é para quebrar muros. Se existe vontade, é para colecionar corujas que, com pouco ou muito ensinamento, nos promovem crecsimento pessoal e profissional.


A verdade é que, estou prestes a perder a minha caixa de bombons. Mas garanto-vos que fiquei com uma coruja bem abastada.

M.C

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