terça-feira, 21 de maio de 2013
Até já...!
Ainda que Primavera seja a estação, era um dia de Inverno bem definido como ele é.
Agarrava com as minhas mãos nada tranquilas o telemóvel para enviar uma mensagem, mas apercebi-me que tinha ficado sem bateria. Como sempre, demorei uns longos e terríveis minutos para encontrar o carregador que se encontrava escondido entre duas peças de roupa e uns livros que eu não arrumara. Parecia que queria brincar às escondidas, mas nem isso eu conseguia fazer.
Liguei logo à luz aquele que me poderia dar o balanço para aquilo, que eu não fundo não queria fazer: enviar a mensagem.
Olhei para o ecrã três vezes, e fechei o telemóvel. Voltei a abri-lo e fiz duas tentativas de texto. Desisti.
É-me difícil sempre, falar com quem não está ou está prestes a partir, principalmente quando sei à priori que devo transmitir a minha força para aqueles, que sendo nossos amigos, precisam dela.
Por breves instantes, decido desligar-me desse facto verídico e contínuo na minha rotina habitual.
É já outro dia. Levanto-me, tomo o meu sempre grande pequeno-almoço, preparo-me para sair e para mais um dia, voltar à rotina: esperar sinais verdes de peões, entrar no metro, sair do metro, esperar que todas as pessoas apressadas para o trabalho, corram incansavelmente as escadarias que dão ao piso superior das estações de metro e só depois eu subo. O stress não é para mim. Prefiro sempre sair mais cedo do que correr. Mas às vezes, se eu corresse eu não teria o tempo disponível e agradável como tenho. E eu não pensaria (como pensei) no que dizer na mensagem, que resumidamente se restringiu ao nada.
Sim, eu não escrevi nada.
À Sara, uma guerreira e uma força da natureza exemplar, eu apenas liguei no dia em que pisou Portugal. Como? Onde? E quando? Foi a sintonia alcançada por nós, e aquilo que foi possível de ser dito.
Não foi fácil encontrá-la no local combinado, mas depressa ouvi o seu grito: "Estou aqui, Guidaaa!". Estacionei o carro, saí e abracei com tanta força quanto pude. Esta era a mensagem, que eu queria ter escrito, mas compreendi que estes abraços não têm tradução possível.
À Marta, uma mulher que discretamente eu consegui dar os meus laços e que, perdidos em ocasiões nada especiais, foram restaurados em absoluto, eu posso dizer que confundi os dias da sua chegada. Não obstante a essa minha falha, já tenho a lição estudada. Vou abraçá-la e escutá-la. Não sei se, caso ela precise de algo mais, eu lhe poderei dar. Não sei se terei todas as virtudes para compensar a distância entre Alemanha e Portugal, e para fazer enriquecer uma hora em que nos possamos lembrar dela por mais uns largos meses. Agora, ela poderá ter completa certeza que, naquilo em que eu sou melhor, eu serei ainda mais sem erros alguns. Nisso, ela sabe que poderá sempre contar.
Entre Angola e Alemanha, meses e meses, mensagens e faltas de bateria no telemóvel, eu saberei sempre, assim como elas também, que estou cá como sempre estarei. Que despedidas serão sempre um "até já". E que, provavelmente, não lhes enviarei tantas mensagens como queria, porque a principal é dada cá, em silêncio. E será sempre em silêncio que direi o "até já". Por palavras, não conseguimos dar a coragem de quem tanto precisa dela, quando mais uma vez, entra no avião e parte para o outro lado.
Elas são um exemplo. E eu, como toda a sua família e a restantes amigos, estaremos cá para assistir alegremente ao alcance do seus sonhos.
Até logo Sara!
Até já Marta!
M.C
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