quarta-feira, 13 de março de 2013
Que a chuva nos dê sempre 10 minutos de vida.
- "Eu por cá ando, e enquanto assim é, tempero os meus dias com tons que nem eu sei que existem quando do nada surgem" - dizia o João.
E era a este João que lhe perguntavam, todas as manhãs à chegada do trabalho, o que queria ele afinal da vida. Sim, porque andar por andar qualquer um o consegue fazer, ainda mais quando não tem motivos para parar e para ficar.
A verdade é que, segundo ele, caminhava e lutava para que não existissem nenhum dia, nenhum mesmo, para fazer nada. Sim, ele queria era fazer coisas!
Além do trabalho diário (semanal felizmente), tinha sempre os dias todos preenchidos:
Na 2º e 4f tinha o jogo de futebol com os amigos lá do bairro;
Na 3ºf era o dia de, religiosamente ir ao ginásio, porque faz bem ao corpo, porque faz bem a mente e porque é moda.
E não querendo enumerar outras tantas actividades e eventos magníficos em que participava alegremente, ele ainda era sócio de uma famosa discoteca que, dizia ele, estava a passar pelos panos da crise.
A única questão, aquela que lhe perguntavam todos os dias no trabalho nunca chegou a ser respondida, até um dia.
Aliás, para tudo (pensam os ditos génios), há uma primeira vez. E ele não foi excepção.
Era uma tarde fria de Inverno, gelava que nem com a força maior e mais quente do ar condicionado o carro queria aquecer. Depois, para piorar começou a chover que Deus mandava.
E mandou mesmo. Mandou tanta chuva que não foi possível sair do carro naqueles 10 minutos.
Mas foram, com toda a certeza os melhores e mais proveitosos 10 minutos da vida dele, não fosse a colega ter perguntado (mais uma vez e em tom de brincadeira) :"Afinal o que queres da vida tu pah?!"
E muito seriamente, o João respondeu:
- "Quero pedir perdão aos que faço sofrer, resolver as questões não resolvidas, ir ao médico para perceber se ele ainda me conhece, marcar um encontro com os amigos, visitar a família, visitar o gato do meu irmão, dar um beijinho à minha avó, e já agora, parar pelo caminho e pensar qual a razão de ainda não o ter feito."
- "Mas porquê, é difícil?"
- "Porque não quero ter tempo para perceber que, afinal de contas ando a perdê-lo"
Infelizmente, ele assim continuou até ao dia em que tempo já não tinha mesmo, para poder abraçar quem mais queria.
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Só não entendo, enquanto pessoa que tenta ter algum cérebro (ao menos esforço-me), porque tem de existir o irremediável quando remédios há para tudo, ou quase tudo talvez....!
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