quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sôdade.








A temperatura era quente e seca. Alguns dias o sol aparecia com mais intensidade, noutros andava escondido. A água do mar era transparente, límpida, um azul marinho como vemos nos grandes filmes, e além disso, era quente.
Quente também, eram as pessoas e os seus sorrisos (uns mais controversos que outros, como no resto do mundo, é certo), mas aqueles com quem pudemos falar, esses eram sinceros e transparentes.
As mesas, o quarto, os salões, os bares de Santa Maria, as casas, as cores, os caminhos, as mercearias davam um espelho completo de que África era ali mesmo. Tão diferente e tão semelhante a todas os outros povos do mundo. Tão bonita e triste, tão inspiradora e desgastante, tão adulta e ao mesmo tempo tão embrionária.
Agora e depois te vos ter contado, mesmo que em poucas palavras a imagem daquela ilha tão pequena, conto-vos também a experiência.
Fomos para descansar, comer bem e desfrutar de uns dias de paz e tranquilidade, sem quaisquer meios de comunicação que pudessem interferir com o nosso tão intenso momento. E aconteceu exactamente isso.
A questão que aqui vos quero abordar, foi o facto de a ilha nos ter dado todas essas regalias, mas inconscientemente e de uma forma espontânea, acabou por nos da mais. Muito mais.
Deu-nos ensinamentos e perspectivas completamente diferentes das nossas.
Coisas simples, aliás, sempre coisas simples: sorrisos, abraços por exemplo. Nós temo-lo sempre que possível, mas eles têm esses confortos presentes minuto a minuto.
Dançam, dançam e dançam.
Não quero com isto dizer, que coisas menos positivas não existe naquele lugar, porque também as há, mas não me cabe a mim julgá-las. Pelo menos, eu não quero. Bastou-me o conhecimento e a reciprocidade inerente a todos eles que, querendo ou não, aceitando ou não, nos fez ficar pequenos.
O Sal ficou marcado, sem sombra dúvida pelas razões mais importantes e especiais da minha vida.
Voltarei por mim. Voltarei por nós. E voltarei ainda para abraçar um irmão que lá deixei.

Pisado o chão de Portugal percebi que o meu Self tinha mudado.
Percebi que tinha gasto o dinheiro que juntei durante meses naquela ilha, e que por esse motivo fui pobre e regressei muito rica.
Percebi ainda que, embrionários somos nós que ao invés de discutirmos a falta de afecto, discutimos a falta de tempo para ele. Se argumentos, claro.

Foi um dos caminhos mais belos que fiz até hoje, e porque não o fiz sozinha, e porque também é imprescindível e urgente gritarmos o amor que sentimos uns pelos outros, agradeço ao Canaverde, meu homem de vida, pelos risos, pelos brindes, pelas danças até altas horas, que se prolongavam sempre até aos 7 barcos, o sitio mais bonito daquele lugar.
Um obrigado muito forte também, ao meu querido amigo e irmão Jaime. És e serás sempre da nossa família. Longe, mas perto, até porque : Num mund tom grend am otcha pessoas d lute. Am otcha un irmon q precs ter mesma sengue! 

BIJIM CO SODADE!!!

M.C





sexta-feira, 12 de abril de 2013

E por falar em Caminhos.....





Hoje li mais uma crónica do Psicólogo Eduardo Sá, que de uma forma brilhante tem a capacidade de adquirir um processo terapêutico transparente tal, que nos "acede" às emoções sem nos apercebermos.
Recomendo a sua leitura: http://www.paisefilhos.pt/index.php/opiniao/eduardo-sa/5808-nunca-perguntes-o-caminho, principalmente àquelas pessoas cujo coração é um espaço ligeiro, condensado e aconchegado de generosidade aparente (porque a ternura pode sempre desabrochar numa flor em tempo desajustado, é verdade). Gosto especialmente desta crónica, porque de forma imediata a associei a vários episódios da minha vida:
- O caminho onde aprendi a dar os primeiros passos;
- O caminho que percorro;
- O caminho que gostaria de caminhar confortavelmente, daqui a anos futuros;

Falo-vos, em primeiro lugar do que fui: uma criança como outra qualquer que brincou, brincou muito e que por coincidência ou não, teve a possibilidade e a felicidade de manter as memórias primárias e de longo-prazo intactas! Sim, lembro-me de quase tudo, e pouco me escapa. Fui feliz, tanto quanto sou. Fui feliz, tanto quanto foram mais uns milhões de crianças, agora adultos feitos e com toda a certeza, com milhões de perspectivas diferentes. E ainda bem! Apesar de tudo, o caminho outrora percorrido permanece! Não sou nada de acordo que o que foi é passado, e que o importante é o futuro. Não sou, pois eu não estaria a escrever agora e aqui se não tivesse tido um processo de aprendizagem escolar. E eu não teria um processo de aprendizagem sem que os meus pais cumprissem com o dever de cuidadores. E eles, não cumpririam esse papel se eu não tivesse nascido. Eu sou hoje, porque um dia fui alguma coisa em algum lugar, e espero, acima de tudo, um dia ser pelo menos metade do que fui. E olhem que metade de uma tamanha felicidade já seria inexplicavelmente bom!
Agora, e respeitante apenas ao agora? Parece-me ser este o caminho, mas como diz Eduardo Sá, o melhor mesmo é nunca perguntar-mos qual o melhor, porque assim nunca nos iremos perder!
E olhem que caminhos perdidos são bem difíceis de se (re)verem, pois não há volta no relógio lá de casa.
É seguir em frente, sempre!
Se fica algo para trás? Fica sem dúvida alguma. Mas as verdadeiras barreiras da felicidade, têm por norma capacidade de se auto-focarem. E se elas se mantiverem é porque, certos caminhos não foram bem escolhidos. Ou foram, mas não conseguiram co-habitar neles.
Um ser humano para ser feliz, terá sempre que se resolver primeiro. E se não está resolvido (por motivos óbvios e concretos), ou é porque não quer ou porque não sabe.
Neste ponto de situação, é sempre preferível ser a primeira opção, porque se for a segunda, não conhece o seu caminho, pelo menos o seu primeiro caminho, e os seus primeiros passos.
Na verdade, eu própria estou no caminho certo, faltando-me apenas mais uma companhia para o percorrer, que não a tendo, como é o caso, também não estou resolvida.

E por falar em caminhos, que ao menos o sol vá espreitando de vez em quando e nos dê, a todos nós, energia para suportar a falta de sinalética que poderemos encontrar.
Não esquecer que quanto mais nos permitiremos a perder, mais nos achamos, e porventura, maior amor temos para dar. Quem não dá, irremediavelmente ainda não se perdeu pois ainda não achou o seu caminho.

Dedico especialmente ao Dr. Eduardo Sá, que não sabendo que eu existo, faz parte do leque de profissionais que acompanho em (re)aprendizagens constantes.

M.C




quinta-feira, 4 de abril de 2013

It´s true! Há Arte gratuita em Portugal!



A crise está de passagem por Portugal, e está para ficar uns bons tempos.
Só não sei se irá visitar todas as casas de todos os Portugueses, quer dizer, até sei. Não visita, não! Até porque nem tempo tem disponível para estar com todos. Não o reparte, não tem capacidade para geri-lo e muito menos para organizá-lo.
Se assim fosse, além de bons governantes (e não bons políticos, que é uma definição diferente, ainda que se possam cruzar), talvez nem a crise estivesse tão instalada e desse continuidade para outro lado! Que se afogasse no oceano Atlântico, porque não?!
Apesar de tudo e de todas as contrariedades, nem tudo se restringe a copos de amêndoas amargas e aguardente! Também temos, sumos de laranja natural. Melhor: Também temos sumos de laranja natural gratuitos, pelo que todos deviam aproveitar (enquanto assim se mantêm).
Falo-vos do Museu Colecção Berardo: http://pt.museuberardo.pt/.
Arte moderna e contemporânea, em Lisboa e de entrada gratuita que (apreciando pouco ou muito), todos deveriam visitar, mais que não fosse para diminuir o sentimento brutalmente negativo de tudo o que nos rodeia e da escassez da utilização de recursos na comunidade. Eles existe, e este é um deles.
Realismo Traumático foi a minha secção favorita, mas poderá ser odiada por outros. Gostos são gostos e nunca se discutem.!




terça-feira, 2 de abril de 2013

Inspira-se sol, expira-se ar.



Perco-me na minha própria respiração. Perco-me e não me quero encontrar de tão agradável é a sensação de tranquilidade e paz. Não a tenho todos os dias, nem era normalizado ser de outra forma, mas hoje encontrei. Encontrei-me, ainda que me possa perder amanhã, hoje encontrei-me.

E estes encontros acontecem sempre, quando me apercebo e reflicto nos caminhos que faço, caminhos esses pisados em agradáveis e subtis movimentos. São sempre eles que nos dão a melhor e mais correcta percepção do nosso Eu. E não, não nos são dadas facilidades de busca, temos de investir, percorrer, dar um passo em frente e dois para trás, mas sempre em movimento, connosco, com os outros e com o mundo.
Ainda que precisaremos do amor e do carinho fiel dos que nos rodeiam, é urgente que, façamos consultas de rotinas a nós. Afinal, já éramos nós antes de ser. Já existiam caminhos feitos e rebocados ainda nós estávamos a ser amamentados. Pensando bem sobre este assunto, todos nós precisamos de algum silêncio para sermos quem pensamos ser. Ou mudar, caso nos for dado pelo subconsciente uma palavra reforçada, mas sempre no silêncio e a sós com o nosso corpo (que é tão nosso).
Descobrir através do pensamento e do toque, que existe uma pele.
Sim, a nossa pele. O nosso mundo. As nossas escolhas. Os nossos medos. As nossas fantasias. Os nossos sonhos. O nosso amor (que não cabendo no coração deverá ser repartido), os nosso pés que nos sustentam horas, dias e anos a fio. E sim, os nossos caminhos, que nem sempre conseguimos escolher. Serão os olhos que não vêm ou o tempo cinzento que não permite? Talvez. o último, não sei.
Mas, o ano tem 4 estações e estamos na Primavera.
Agora questiono: se a Primavera deveria ter sempre dias bons e não os tem, porque teremos nós que pesar com dias ruins?
Felizmente, hoje a Primavera deu-nos o seu sol e a sua luz, onde caminhei silenciosamente num movimento tal, que fui obrigada a entender que sou feliz. Faltam-me coisas ainda, muitas coisas aliás.
Tantas quantos os anos de passos que quero dar. Afinal, quando o sol espreita até perdura. Cá o espero, outra vez. : )

M.C