A temperatura era quente e seca. Alguns dias o sol aparecia com mais intensidade, noutros andava escondido. A água do mar era transparente, límpida, um azul marinho como vemos nos grandes filmes, e além disso, era quente.
Quente também, eram as pessoas e os seus sorrisos (uns mais controversos que outros, como no resto do mundo, é certo), mas aqueles com quem pudemos falar, esses eram sinceros e transparentes.
As mesas, o quarto, os salões, os bares de Santa Maria, as casas, as cores, os caminhos, as mercearias davam um espelho completo de que África era ali mesmo. Tão diferente e tão semelhante a todas os outros povos do mundo. Tão bonita e triste, tão inspiradora e desgastante, tão adulta e ao mesmo tempo tão embrionária.
Agora e depois te vos ter contado, mesmo que em poucas palavras a imagem daquela ilha tão pequena, conto-vos também a experiência.
Fomos para descansar, comer bem e desfrutar de uns dias de paz e tranquilidade, sem quaisquer meios de comunicação que pudessem interferir com o nosso tão intenso momento. E aconteceu exactamente isso.
A questão que aqui vos quero abordar, foi o facto de a ilha nos ter dado todas essas regalias, mas inconscientemente e de uma forma espontânea, acabou por nos da mais. Muito mais.
Deu-nos ensinamentos e perspectivas completamente diferentes das nossas.
Coisas simples, aliás, sempre coisas simples: sorrisos, abraços por exemplo. Nós temo-lo sempre que possível, mas eles têm esses confortos presentes minuto a minuto.
Dançam, dançam e dançam.
Não quero com isto dizer, que coisas menos positivas não existe naquele lugar, porque também as há, mas não me cabe a mim julgá-las. Pelo menos, eu não quero. Bastou-me o conhecimento e a reciprocidade inerente a todos eles que, querendo ou não, aceitando ou não, nos fez ficar pequenos.
O Sal ficou marcado, sem sombra dúvida pelas razões mais importantes e especiais da minha vida.
Voltarei por mim. Voltarei por nós. E voltarei ainda para abraçar um irmão que lá deixei.
Pisado o chão de Portugal percebi que o meu Self tinha mudado.
Percebi que tinha gasto o dinheiro que juntei durante meses naquela ilha, e que por esse motivo fui pobre e regressei muito rica.
Percebi ainda que, embrionários somos nós que ao invés de discutirmos a falta de afecto, discutimos a falta de tempo para ele. Se argumentos, claro.
Foi um dos caminhos mais belos que fiz até hoje, e porque não o fiz sozinha, e porque também é imprescindível e urgente gritarmos o amor que sentimos uns pelos outros, agradeço ao Canaverde, meu homem de vida, pelos risos, pelos brindes, pelas danças até altas horas, que se prolongavam sempre até aos 7 barcos, o sitio mais bonito daquele lugar.
Um obrigado muito forte também, ao meu querido amigo e irmão Jaime. És e serás sempre da nossa família. Longe, mas perto, até porque : Num mund tom grend am otcha pessoas d lute. Am otcha un irmon q precs ter mesma sengue!
BIJIM CO SODADE!!!
M.C